Os aquartelados e os encastelados

Desde que a crise das companhias aéreas acirrou-se, em 2005, com a intervenção judicial na Vasp.


Publicação: 23/04/2007
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            Desde que a crise das companhias aéreas acirrou-se, em 2005, com a intervenção judicial na Vasp, seguida depois pela recuperação judicial dessa companhia e da Varig, os trabalhadores do setor aéreo denunciaram os riscos que o país corria na aviação comercial e clamaram apoio do governo através de políticas públicas visando a reestruturação e regulação do setor.

            É sabido que a aviação é um segmento estratégico na economia e soberania do país. Ela garante não só o direito de ir e vir em longas distâncias, como o do transporte rápido, necessário aos negócios, às urgências, como ter acesso a esse transporte, com segurança e sem monopólio, é um direito da população.

            Também era de conhecimento de todos - do governo, dos trabalhadores, das empresas, dos usuários - que a Varig, ao longo de sua história, cumpria um papel de líder entre as companhias não só pela fatia de mercado que tinha, mas pela excelência do serviço que prestava, do treinamento dos funcionários, do respeito aos clientes, o que fazia com que as outras companhias, por mais econômicas que fossem, tivessem que manter minimamente essas qualidades. Desde o acidente com a Gol, tudo que ocorre de ruim nos aeroportos é visto como culpa desses controladores, dos fenômenos naturais, falta de aeronaves e de funcionários, panes de energia e nos sistemas, overbooking, aos equipamentos obsoletos, zonas cegas, falhas de gestão, quedas dos sistemas de vigilância, de comunicação, de aproximação.

              No coração do controle de tráfego aéreo, os militares insurgiram-se no final de março deste ano, e nos principais centros do país, os aviões ficaram no chão. Os controladores reclamam que ninguém admite os problemas no tráfego aéreo que eles denunciam, que sofrem perseguições militares, que nada mais fizeram que executar uma operação de segurança presente nas normas internacionais de aviação civil. E que o monitoramento que fazem, o número de vôos e vidas, extrapola o recomendado pelas normas de segurança. Contudo, eles não podem protestar.

             São militares e isso para eles é crime. A crise, no entanto, já dura seis meses. O controle de tráfego aéreo brasileiro é uma caixa preta que ninguém quer revelar? Os trabalhadores da aviação civil solidarizam-se com os controladores de tráfego aéreo militares, que afirmam ter chegado ao limite de suas capacidades em dar conta dos sistemas frente a tantos problemas. Eles não confiam nos equipamentos disponíveis, no comando da Aeronáutica, e trabalham pela segurança de milhares de brasileiros. Ou seja, o aquartelamento e a greve de fome foi uma saída desesperada para denunciar o que eles enfrentam. Eles lutam pela desmilitarização da sua função e por mudanças no tráfego aéreo nacional.

             O mesmo que lutamos em relação à criação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e ao setor, quando falamos em reestruturação. A todos aqueles que vêm sofrendo com a crise nos aeroportos, os trabalhadores clamam para que, em meio a esses constrangimentos, percebam que os responsáveis não são aqueles que os atendem nas companhias, nas aeronaves, nos aeroportos, ou que cuidam da sua segurança no espaço aéreo. Os responsáveis são os de sempre, os encastelados, os donos do poder; não os aquartelados, os que estão a sua frente tentando ajudá-lo, ou sem saber o que fazer.

Fonte: Celso André Klafke, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac/CUT), do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, e vice-presidente da CNTT/CUT



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