Os
salários ganharam da inflação no primeiro semestre deste ano. De um
total de 353 acordos fechados no período, 84% conseguiram índice de
reajuste acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC). O resultado ficou três pontos percentuais abaixo
do apurado nos primeiros seis meses de 2010, ano que é considerado
excepcional pelo Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese), entidade que realiza a
pesquisa. (Os
roviários de Sorocaba são um exemplo deste estudo. A categoria
conquistou 9 % de aumento salarial.)
Segundo o Dieese, a principal
diferença entre os dois períodos está no percentual de negociações
que não conseguiram alcançar aumento salarial acima da inflação -
6,8% no primeiro semestre de 2011 e 4%, em 2010.
Nos 44 acordos fechados no
comércio, não houve nenhum reajuste abaixo da inflação. Na
indústria, 87% dos 161 reajustes tiveram ganhos reais, 9,9% apenas
compensaram a inflação do período e 3,1% ficaram abaixo do INPC. Os
serviços tiveram o pior resultado: 77% dos 148 aumentos ficaram
acima da inflação, 9,5% igualaram o índice e 12,8% perderam para o
INPC.
Apesar dos ganhos em relação à
inflação, os salários continuam crescendo bem abaixo da
produtividade média da economia, avalia o coordenador de relações
sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira. Segundo ele,
se o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 crescer 4%, a economia
terá avançado três vezes mais no período de 2008 a 2011 do que o
ganho real médio de 4,6% alcançado no mesmo triênio. No primeiro
semestre, o reajuste real médio negociado foi de 1,37%, contra
1,59% no mesmo período do ano passado.
"Os dados revelam que, no que
pesem os bons resultados, os reajustes de uma maneira geral estão
muito próximos do INPC ", afirma Oliveira. Segundo os dados do
Dieese, 25% dos reajustes salariais acima da inflação ficaram
concentrados na faixa entre 0,01 ponto percentual e 1 ponto acima
do INPC. Por outro lado, a fatia dos aumentos entre 3,01 a 4 pontos
percentuais acima do índice teve ligeiro aumento - de 6,2%, no
primeiro semestre de 2010, para 6,8% em igual período de
2011.
A diferença entre os dois anos é
muito pequena e aponta uma tendência que deve ser seguida ao longo
do segundo semestre, período que concentra campanhas salariais de
importantes categorias, como petroleiros, bancários e metalúrgicos,
prevê Oliveira. "A expectativa é que fechemos 2011 com resultados
muito parecidos com os de anos anteriores. " Em 2010, 89% dos
reajustes tiveram aumento real.
Para o coordenador do Dieese, é
certo que a inflação de 2011 será bem maior do que a de 2010, mas
isso não é provocado pelos reajustes salariais, já que, até o meio
do ano, "o salário médio cresceu bem abaixo da produtividade média
da economia".
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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