O Relatório sobre as Estimativas Econômicas Globais do Trabalho Forçado, apresentado na terça-feira (20) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), na sede do Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, indica que o trabalho forçado, na economia privada, gera cerca de US$ 150 bilhões de lucro por ano. A maior parte desse montante (US$ 99 bilhões) vem da exploração sexual em caráter comercial. O terço restante vem de setores como a agropecuária, o extrativismo, a indústria, o comércio e o trabalho doméstico. Nesta quarta-feira (21), haverá um debate sobre boas práticas da América Latina, tendências globais e experiências no enfrentamento ao trabalho forçado no setor empresarial em cadeias produtivas.
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Barros Levanhagen, a diretora do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, e autoridades nacionais e internacionais participaram da apresentação do relatório, que pela primeira vez analisou o problema sob a perspectiva econômica.
Efetividade
O presidente do TST, ministro Barros Levenhagen, defendeu, na solenidade de lançamento do relatório, a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 57-A/1999, conhecida como PEC do Trabalho Escravo, que altera o artigo 243 da Constituição Federal para permitir a expropriação de propriedades rurais ou urbanas em que for comprovada a exploração de trabalho escravo, sem qualquer indenização ao proprietário. Para BarrosLevenhagen, não basta a garantia constitucional do trabalho digno. "Temos que tornar a legislação efetiva", afirmou.
O ministro ressaltou que o Judiciário tem dado sua contribuição ao
julgar questões de empregadores que insistem em se utilizar do
trabalho forçado. "Infelizmente, em pleno século XXI, o Trabalho
Forçado ainda é uma realidade no Brasil, embora a escravidão tenha
sido abolida há mais de 125 anos".
Exemplo brasileiro
Laís Abramo enfatizou o reconhecimento pela OIT de que as práticas
brasileiras contra o Trabalho Forçado são das mais eficazes no
mundo. Ao "ter a coragem" de reconhecer o problema, em 1995, o
Brasil deu um importante passo, pois "superou a atitude de tentar
'esconder a sujeira debaixo do tapete', como alguns países ainda
insistem em fazer". Os números revelados no relatório sobre os
lucros gerados pela prática criminosa de submeter pessoas ao
Trabalho Forçado evidencia ainda mais, segundo ela, a gravidade do
problema.
A diretora da OIT no país enumerou uma série de ações promovidas
pelo Brasil em combate ao trabalho escravo, como planos nacionais,
grupos móveis de fiscalização, cadastros de entidades flagradas e
avanços legislativos, que poderão ser disseminadas pelo mundo. "O
trabalho forçado, ao lado do trabalho infantil, é a antítese maior
do trabalho decente", destacou. "Ele não ocorre apenas nos países
pobres ou em desenvolvimento, ou na economia formal: essa atividade
faz parte das cadeias produtivas nacionais e multinacionais, sendo
extremamente lucrativa. O combate a esse mal exige forte
compromisso político".
Também fizeram parte da mesa de abertura do evento a ministra Ideli
Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos e presidente da
Comissão Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo; a
embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde; o
subprocurador-geral da República Oswaldo José Barbosa Silva, que
representou o Procurador-Geral; o secretário de Inspeção do
Trabalho Paulo Sérgio de Almeida, representando o ministro do
Trabalho e Emprego; e o procurador-geral do Trabalho Luís Antônio
Camargo de Melo.
O secretário Paulo Sérgio de Almeida, representando o ministro do
Trabalho e Emprego, falou da importância do estudo desenvolvido
pela OIT, pois as formas de trabalho forçado têm mudado e é
necessário identificá-las. "Hoje sabemos que o trabalho escravo não
é só eminentemente rural, mas também ocorre nas cidades. Em 2013,
para se ter uma ideia, pela ação do MTE houve mais resgates, pela
primeira vez, no meio urbano do que no rural".
Paulo Sérgio, como as demais autoridades da mesa, lembrou o
episódio ocorrido em 2004 em que três auditores do trabalho e um
motorista foram assassinados durante investigação de denúncia de
trabalho escravo em Unaí (MG). "Nesse combate também tivemos perdas
e é fundamental que os envolvidos sejam processados e julgados.
Mas, cabe lembrar que, nesses 20 anos, por causa dos esforços
institucionais mais de 46 mil trabalhadores foram resgatados de
condições análogas a de escravidão".
Também estiveram presentes na abertura do evento ministros do TST,
representantes do Poder Legislativo brasileiro, o embaixador do
Chile, representante do embaixador da Espanha, o vice-ministro do
Trabalho da Guatemala, o jornalista e coordenador da ONG Repórter
Brasil Leonardo Sakamoto, entre outras autoridades que atuam em
ações de combate ao trabalho forçado.
Redação CNTT com TSE
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