Dirigentes de vários sindicatos cutistas de todo
o País estão em Guarulhos (SP), no Centro Municipal de Educação
Adamastor, na I Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador da CUT
. A atividade iniciou na terça, 23, e termina na sexta.
(foto: Roberto Parizotti)
A secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Juneia
Martins Batista, disse que a Conferência vai balizar a política da
CUT no próximo período. “É um debate crucial para a vida do
trabalhador”, resumiu.
Eduardo Guterra, secretário adjunto da pasta e vice-presidente da
CNTT/CUT, explicou que há uma dificuldade no movimento sindical em
compreender a saúde do trabalhador como prioridade, assim como são
as questões econômicas e políticas. “Daí a relevância do tema
central desta Conferência: consolidar a Política de Saúde do
Trabalhador da CUT”, exaltou.
Guterra disse que a Secretaria está completando cinco anos (criada
no 10º CONCUT) e todo acúmulo deve-se à luta de tantos
militantes nestes 30 anos de história da Central.
A solenidade de abertura contou também com a presença do prefeito
da cidade de Guarulhos, Sebastião Almeida, (PT). “Se temos hoje um
País diferente devemos muito ao movimento sindical, em especial à
CUT, que ergueu a cabeça do trabalhador e mostrou que é possível
construir uma nova realidade".
Almeida enfatizou que a saúde do trabalhador é fundamental para
garantir a qualidade de vida da população.
Especialistas em saúde enriquecem debates
O professor de Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
de Marília, Giovanni Alves, abordou a questão do adoecimento
laboral. Com uma ampla pesquisa envolvendo diversos setores
econômicos, o prognóstico é preocupante: o capital está moendo as
mais diversas categorias. “Hoje, o mundo do trabalho é adoecido”,
disse.
Giovanni Alves vê como única saída a emancipação da sociedade e a
democratização radical na iminência de consolidar uma política
efetiva de combate ao adoecimento laboral. “E é por isso que
devemos ir para além da questão epidemiológica, fazer uma
movimentação social, uma luta ideológica para mudar a correlação de
forças e construir uma nova forma de estado que possa combater esta
gestão mórbida do capital. Sindicalismo é saúde, trabalhadores que
lutam têm menos chances de adoecer”, complementou.
O modelo perverso do agronegócio
O doutor Guilherme Delgado criticou a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), que deixou de divulgar uma pesquisa
sobre o índice de contaminação dos alimentos, fruto do modelo do
agronegócio, que privilegia o uso de agrotóxicos para produção em
larga escala com prejuízos à saúde da população.
Delgado defendeu que a única maneira possível e sustentável de
frear esse processo é promover a reforma agrária. “Muitas vezes
vendida pela mídia como destruidora de terra, tem tudo a ver com a
saúde, porque trata da alimentação saudável, da preservação da água
e da biodiversidade. O Estado está inadimplente com a função social
da terra e também com a vigilância sobre os produtos
industrializados, que contém excesso de sal, açúcar, gordura e
conservantes. Esse controle deve ser feito pelo poder público e
pelo consumidor”, disse.
O professor ressaltou ainda que o agronegócio é um grande
explorador de mão de obra e isso afeta diretamente a saúde da
classe trabalhadora. “De 2005 para cá, a concessão de benefícios
por incapacidade emitidos pelo INSS dobrou, especialmente, por
conta de doenças dos sistemas ósseo e muscular, envenenamento
e transtornos mentais, fatores muito comuns em trabalhadores do
setor.”
Feito para não funcionar
O também professor, Heleno Correa, aproveitou o gancho para falar
da necessidade de deixar de avaliar o nexo causal (causa do
adoecimento) individualmente. “Não podemos permitir que o nexo
causal seja visto apenas a partir de cada trabalhador, que conta
seu problema ao médico, único responsável por avaliá-lo. Devemos
entender os efeitos de determinadas atividades sobre um conjunto de
trabalhadores para que possamos tem um mapa real. Dobramos a massa
de mercado formal, mas também, como bem disse o professor Delgado,
também duplicamos os doentes crônicos e acidentados”, avaliou.
A farsa da sustentabilidade
Também doutora e representante da Fundação Jorge Duprat Figueiredo
de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), Maria Maeno,
explica como as empresas mascaram o ambiente hostil e precarizado
com o qual convivem os trabalhadores por meio da falácia da
sustentabilidade corporativa.
Para exemplificar, Maria falou de empresas que se dizem
sustentáveis, como o Santander, proibido de demitir bancários com
lesões e doenças por esforço repetitivo devido à uma ação civil
pública. O Itaú, condenado a pagar R$ 1 milhão por assédio moral,
assim como o Wal Mart, que teve de pagar R$ 22 milhões pelo mesmo
motivo. Ou a Brasil Foods, multada em quase R$ 5 milhões porque
mantinha 20% dos funcionários com doença ocupacionais.
A doutora disse que a falta de democracia nas empresas dificulta
mudanças reais e que isso é agravado pelos meios de comunicação,
que vendem a política como algo para corruptos e políticos
profissionais, dificultando os debates nas bases. A reação,
acredita, é utilizar as mídias dos movimentos sociais e criar
espaços como um observatório unificado de saúde do trabalhador.
Ocupar todos os espaços
Além disso, apontou, é necessário ocupar os espaços de
participação. “Nas comissões tripartites, o movimento sindical é
minoria, então, deve atuar como tal: se preparar bem, agir de
maneira unificada e com propostas claras. A atuação tem sido muito
tímida. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) é outro
espaço que deve servir para formação dos trabalhadores. Devemos
também procurar os juízes do Trabalho para mostrar nossa realidade,
os desembargadores. Há muita gente sensível a isso. Mesma coisa com
a Academia, que é procurada somente por empresas para financiar
pesquisas contra os trabalhadores. A nossa pauta deve estar nos
conselhos de Saúde, nas comissões de
fábrica”,concluiu.
Conferência continua nesta quinta,
24
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Com informações da CUT Nacional
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