Modais compartilham experiências e lutam por trabalho decente

O debate aconteceu no Seminário de Logística da CUT, realizado no dia 27.


Publicação: 30/03/2014
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   Os trabalhadores em transportes que trabalham na terra, céu e mar têm várias especificidades, mas uma coisa todos têm em comum: enfrentam condições precárias de trabalho. O tema foi abordado em mesa do Seminário de Logística da CUT, no dia 27, no centro de formação do Sindicato dos servidores Municipais de SP. O evento terminou na sexta-feira, 28.  (mesa do Seminário - foto: Dino Santos)
O presidente da CNTT/CUT, Paulo João Estausia, Paulinho, que preside o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba, abordou a vergonha da dupla função no setor urbano de transporte coletivo: o motorista que dirige e cobra a passagem ao mesmo tempo. “Essa situação é ilegal e fere o Código Brasileiro de Trânsito”, disse.
   O sindicalista relembrou que em Sorocaba, com o processo de automatização, em 1992, tirou os cobradores dos ônibus e as consequências foram desastrosas: evasão de renda, tráfico de entorpecentes, além do aumento de acidentes.
    Paulinho relatou que este cenário mudou após muita luta do Sindicato dos Rodoviários que conquistou a criação da função ‘agente de bordo’. “Provamos que a retirada sumariamente do cobrador não funciona. Implantamos o agente de bordo, que desempenha papel fundamental, auxiliando a população, os idosos e no manuseio no caso da acessibilidade. Mais de 50% da frota de ônibus de Sorocaba adota este sistema, que é aprovado pela população”, explicou.
    O presidente da CNTT destacou alguns problemas que os motoristas do setor urbano enfrentam. “Os altos ruídos ocasionados pelo motor do ônibus, chamado de cabeça de fogo, localizado na frente que faz muito barulho, tem provocado consequências  penosas à saúde do motorista. Queremos conversar com as montadoras no sentido de propor que os novos veículos possuam o motor no meio ou no traseiro”.
    O sindicalista disse ainda que o mesmo acontece com o caminhão e questionou que, assim como os carros de passeio têm câmbio automático, os ônibus também deveriam ter. Outro problema é a falta de acessibilidade nos transportes coletivos: 80% não têm, bem como não existe ninguém que fiscaliza.


À esquerda, Paulinho e ao lado Benedito Pantalhão - foto: Dino Santos e Dorival Elze

 Cargas e Portos
     O presidente da Associação Nacional dos Caminhoneiros (ANTRAC), Benedito Pantalhão, falou da dura realidade dos profissionais. “Até 2006, vivíamos na clandestinidade. Somente com o reconhecimento da nossa profissão, a partir de 2007, passamos a existir e hoje temos 90 sindicatos constituídos no Movimento Brasil União Caminhoneiro”, conta.
    Bené, como é conhecido, disse o que mais pesa no bolso do caminhoneiro é a improdutividade. “No Porto de Santos, não tem segurança, lugar para cozinhar, comer e dormir”. Outros problemas citados são os valores salgados da carta frete (os celetistas lutam pelo valor mínino e os autônomos o frete livre), o aumento dos pedágios e a precariedade da malha viária nacional. “Para melhorarmos a competitividade e a qualidade de vida dos caminhoneiros precisamos 20 mil estradas”, ressaltou.
    O vice-presidente da CNTT, presidente da Federação Nacional dos Portuários e Secretário Adjunto de Saúde da CUT, Eduardo Guterra, apresentou  um quadro do sistema portuário brasileiro: 35 são portos públicos marítimos, 17 foram concedidos a governos estaduais ou municipais, 18 são administrados por sete Companhias Docas Federais e 276 são arrendamentos. O maior porto público do Brasil é o de Santos. “Não dá para comparar os portos brasileiros com os dos EUA e Europa. Pelos portos brasileiros passam 95% do total de cargas do comércio exterior. Em 2013,  passaram US$ 376,6 bilhões  entre exportações e importações”, argumenta.
     Guterra reforçou algumas bandeiras dos portuários como o combate à precarização do trabalho, seja através da dificuldade da negociação coletiva ou do próprio ambiente de trabalho, e o cumprimento das normas de segurança e saúde.


À esquerda, Guterra e ao lado o companheiro do SINA, Marcelo Tavares: fotos: Dino Santos

Aéreo e viário
    A relação com as concessionárias que administram hoje os Aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília foi abordada pelo diretor do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (SINA), Marcelo Tavares. Neste ano, também passaram para a iniciativa privada sob o regime de concessão os aeroportos de Belo Horizonte (Confins) e Rio de Janeiro (Galeão). Antes, todos estavam sob o controle da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que hoje ainda detém o controle de 62 aeroportos no País.
    Tavares disse que, apesar de o SINA defender que os aeroportos fiquem sob o controle do Estado, graças aos governos Lula e Dilma foi possível interferir nos editais de licitação, bem como nos contratos de concessão. “Somos uma categoria híbrida, somos oriundos da Infraero. Em Guarulhos, asseguramos com a Invepar, que administra o Aeroporto, a garantia de emprego aos trabalhadores de cinco anos (até 2018), bem como a eleição de um aeroportuário para o Conselho de administração do Consórcio”, explica.
    O sindicalista alertou que é importante tomar cuidados com as concessões, alertando que no ano passado o Aeroporto de Guarulhos recebeu denúncias de trabalho escravo nas obras de ampliação do novo Terminal de Passageiros, previsto para inaugurar em maio.
    Ele disse que as empresas têm visão de mercado e tem praticado jornadas extensas de trabalho e condições insalubres. “Temos o compromisso com os trabalhadores para que eles tenham condições de trabalho decente”, concluiu.


À esquerda, Queiroz e ao lado o companheiro do ferroviário, Roberval Place, Coordenador Geral do Ferroviários de Bauru e Tesoureiro da
Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT - fotos: Dino Santos

SP tem seis milhões de carros
    O Secretário de Saúde da CUT/SP e diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Sistema Viário e Urbano do Estado de São Paulo (Sindviários), Luiz Antônio de Queiroz, falou sobre os  fiscais das vias do trânsito, conhecidos como “marronzinhos”.
      Na sua fala, Queiroz citou alguns dados preocupantes: o tráfego urbano paulistano tem hoje uma frota estimada em seis milhões de veículos e 12 milhões de passageiros. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, ano de 2010), os acidentes no trânsito matam cerca de 1, 24 milhão de pessoas, da faixa etária de 15 a 29 anos, no mundo. “É um genocídio dos jovens no mundo inteiro, onde tem menos investimentos, tem mais acidentes de trânsito”, ressalta.
    O sindicalista disse que no Brasil entraram outras categorias nas estatísticas de mortes: os ciclistas e motociclistas.  “SP registrou um aumento de 491%, em média morre dois motociclistas por dia”.
    Em relação aos viários, Queiroz disse que o total de trabalhadores é insuficiente para atender a grande demanda da cidade de São Paulo. “Somos 4.800 funcionários, no México tem 12 mil, quase 200% a mais que aqui”.
    Ele disse que a discussão salarial é difícil em razão que o sistema é municipalizado. “O nosso Sindicato é de base estadual. Fechamos 170 acordos com agentes diferentes e isso depende da capacidade de cada prefeitura”, finaliza.


José  Felício, dirigente do Sindicato dos Metroviários de BH - foto: Dino Santos

Ferroviário e Metroviário
    O companheiro Roberval Place, Coordenador Geral do Ferroviários de Bauru e Tesoureiro da Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT, da Federação dos Trabalhadores Ferroviários, fez uma breve retrospectiva da história das ferrovias no Brasil, informando que a privatização começou em 1986 e a grande maioria das ferrovias foi sucateada pelos governos. "Hoje, temos oito mil ferrovias desativadas. O Brasil não pode pensar apenas no comércio externo, tem que olhar para o transporte interno. Falta ao País uma política de integração”.
    José Felício, diretor do Sindicato dos  Metroviários de Belo Horizonte, informou que o sucateamento no sistema metroviário iniciou em 1997. “O nosso Sindicato tem feito um trabalho de enfrentamento. Em fevereiro, fizemos uma paralisação de 24h contra a privatização e por melhores condições de trabalho”, concluiu.

Fotos do evento
        A cobertura fotográfica realizada pelos fotógrafos profissionais Dino Santos e Dorival Elze estão disponíveis no nosso flickr: galeria CNTT

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Viviane Barbosa, editora do Portal da CNTT/CUT - última atualizada às 17h53 - 31 de março de 2014


 



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