Os trabalhadores em
transportes que trabalham na terra, céu e mar têm várias
especificidades, mas uma coisa todos têm em comum: enfrentam
condições precárias de trabalho. O tema foi abordado em mesa do
Seminário de Logística da CUT, no dia 27, no centro de formação do
Sindicato dos servidores Municipais de SP. O evento terminou na
sexta-feira, 28. (mesa
do Seminário - foto: Dino Santos)
O presidente da CNTT/CUT, Paulo João Estausia, Paulinho, que
preside o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba, abordou a vergonha
da dupla função no setor urbano de transporte coletivo: o motorista
que dirige e cobra a passagem ao mesmo tempo. “Essa situação é
ilegal e fere o Código Brasileiro de Trânsito”, disse.
O sindicalista relembrou que em Sorocaba, com o
processo de automatização, em 1992, tirou os cobradores dos ônibus
e as consequências foram desastrosas: evasão de renda, tráfico de
entorpecentes, além do aumento de acidentes.
Paulinho relatou que este cenário mudou após
muita luta do Sindicato dos Rodoviários que conquistou a criação da
função ‘agente de bordo’. “Provamos que a retirada sumariamente do
cobrador não funciona. Implantamos o agente de bordo, que
desempenha papel fundamental, auxiliando a população, os idosos e
no manuseio no caso da acessibilidade. Mais de 50% da frota de
ônibus de Sorocaba adota este sistema, que é aprovado pela
população”, explicou.
O presidente da CNTT destacou alguns problemas
que os motoristas do setor urbano enfrentam. “Os altos ruídos
ocasionados pelo motor do ônibus, chamado de cabeça de fogo,
localizado na frente que faz muito barulho, tem provocado
consequências penosas à saúde do motorista. Queremos
conversar com as montadoras no sentido de propor que os novos
veículos possuam o motor no meio ou no traseiro”.
O sindicalista disse ainda que o mesmo acontece
com o caminhão e questionou que, assim como os carros de passeio
têm câmbio automático, os ônibus também deveriam ter. Outro
problema é a falta de acessibilidade nos transportes coletivos: 80%
não têm, bem como não existe ninguém que
fiscaliza.


À esquerda, Paulinho e ao
lado Benedito Pantalhão - foto: Dino Santos e Dorival
Elze
Cargas e Portos
O presidente da Associação Nacional dos
Caminhoneiros (ANTRAC), Benedito Pantalhão, falou da dura realidade
dos profissionais. “Até 2006, vivíamos na clandestinidade. Somente
com o reconhecimento da nossa profissão, a partir de 2007, passamos
a existir e hoje temos 90 sindicatos constituídos no Movimento
Brasil União Caminhoneiro”, conta.
Bené, como é conhecido, disse o que mais pesa no
bolso do caminhoneiro é a improdutividade. “No Porto de Santos, não
tem segurança, lugar para cozinhar, comer e dormir”. Outros
problemas citados são os valores salgados da carta frete (os
celetistas lutam pelo valor mínino e os autônomos o frete livre), o
aumento dos pedágios e a precariedade da malha viária nacional.
“Para melhorarmos a competitividade e a qualidade de vida dos
caminhoneiros precisamos 20 mil estradas”, ressaltou.
O vice-presidente da CNTT, presidente da
Federação Nacional dos Portuários e Secretário Adjunto de Saúde da
CUT, Eduardo Guterra, apresentou um quadro do sistema
portuário brasileiro: 35 são portos públicos marítimos, 17 foram
concedidos a governos estaduais ou municipais, 18 são administrados
por sete Companhias Docas Federais e 276 são arrendamentos. O maior
porto público do Brasil é o de Santos. “Não dá para comparar os
portos brasileiros com os dos EUA e Europa. Pelos portos
brasileiros passam 95% do total de cargas do comércio exterior. Em
2013, passaram US$ 376,6 bilhões entre exportações e
importações”, argumenta.
Guterra reforçou algumas bandeiras dos
portuários como o combate à precarização do trabalho, seja através
da dificuldade da negociação coletiva ou do próprio ambiente de
trabalho, e o cumprimento das normas de segurança e
saúde.


À esquerda, Guterra e ao
lado o companheiro do SINA, Marcelo Tavares: fotos: Dino
Santos
Aéreo e viário
A relação com as concessionárias que administram
hoje os Aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília foi abordada
pelo diretor do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (SINA),
Marcelo Tavares. Neste ano, também passaram para a iniciativa
privada sob o regime de concessão os aeroportos de Belo Horizonte
(Confins) e Rio de Janeiro (Galeão). Antes, todos estavam sob o
controle da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero), que hoje ainda detém o controle de 62 aeroportos no
País.
Tavares disse que, apesar de o SINA defender que
os aeroportos fiquem sob o controle do Estado, graças aos governos
Lula e Dilma foi possível interferir nos editais de licitação, bem
como nos contratos de concessão. “Somos uma categoria híbrida,
somos oriundos da Infraero. Em Guarulhos, asseguramos com a
Invepar, que administra o Aeroporto, a garantia de emprego aos
trabalhadores de cinco anos (até 2018), bem como a eleição de um
aeroportuário para o Conselho de administração do Consórcio”,
explica.
O sindicalista alertou que é importante tomar
cuidados com as concessões, alertando que no ano passado o
Aeroporto de Guarulhos recebeu denúncias de trabalho escravo nas
obras de ampliação do novo Terminal de Passageiros, previsto para
inaugurar em maio.
Ele disse que as empresas têm visão de mercado e
tem praticado jornadas extensas de trabalho e condições insalubres.
“Temos o compromisso com os trabalhadores para que eles tenham
condições de trabalho decente”, concluiu.


À esquerda, Queiroz e ao lado o companheiro do
ferroviário, Roberval Place, Coordenador Geral do Ferroviários de
Bauru e Tesoureiro da
Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT - fotos: Dino
Santos
SP
tem seis milhões de carros
O Secretário de Saúde da CUT/SP e diretor do
Sindicato dos Trabalhadores no Sistema Viário e Urbano do Estado de
São Paulo (Sindviários), Luiz Antônio de Queiroz, falou sobre
os fiscais das vias do trânsito, conhecidos como
“marronzinhos”.
Na sua fala, Queiroz citou alguns
dados preocupantes: o tráfego urbano paulistano tem hoje uma frota
estimada em seis milhões de veículos e 12 milhões de passageiros.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, ano de 2010),
os acidentes no trânsito matam cerca de 1, 24 milhão de pessoas, da
faixa etária de 15 a 29 anos, no mundo. “É um genocídio dos jovens
no mundo inteiro, onde tem menos investimentos, tem mais acidentes
de trânsito”, ressalta.
O sindicalista disse que no Brasil entraram
outras categorias nas estatísticas de mortes: os ciclistas e
motociclistas. “SP registrou um aumento de 491%, em média
morre dois motociclistas por dia”.
Em relação aos viários, Queiroz disse que o
total de trabalhadores é insuficiente para atender a grande demanda
da cidade de São Paulo. “Somos 4.800 funcionários, no México tem 12
mil, quase 200% a mais que aqui”.
Ele disse que a discussão salarial é difícil em
razão que o sistema é municipalizado. “O nosso Sindicato é de base
estadual. Fechamos 170 acordos com agentes diferentes e isso
depende da capacidade de cada prefeitura”,
finaliza.

José Felício,
dirigente do Sindicato dos Metroviários de BH - foto: Dino
Santos
Ferroviário e
Metroviário
O companheiro Roberval
Place, Coordenador Geral do Ferroviários de Bauru e Tesoureiro da
Federação Interestadual dos Ferroviários da CUT, da
Federação dos Trabalhadores Ferroviários, fez uma breve
retrospectiva da história das ferrovias no Brasil, informando que a
privatização começou em 1986 e a grande maioria das ferrovias foi
sucateada pelos governos. "Hoje, temos oito mil ferrovias
desativadas. O Brasil não pode pensar apenas no comércio externo,
tem que olhar para o transporte interno. Falta ao País uma política
de integração”.
José Felício, diretor do Sindicato dos
Metroviários de Belo Horizonte, informou que o sucateamento no
sistema metroviário iniciou em 1997. “O nosso Sindicato tem feito
um trabalho de enfrentamento. Em fevereiro, fizemos uma paralisação
de 24h contra a privatização e por melhores condições de trabalho”,
concluiu.
Fotos
do evento
A
cobertura fotográfica realizada pelos fotógrafos profissionais Dino
Santos e Dorival Elze estão disponíveis no nosso flickr: galeria
CNTT
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Guterra
Câmara dos Deputados votará
nova Lei que regulamenta profissão do
Motorista
Viviane Barbosa,
editora do Portal da CNTT/CUT - última atualizada às 17h53 - 31 de
março de 2014
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