Confira no Portal CNTT o artigo de Marcos Junio Nouzinho, secretário de Comunicação da CUT Brasília e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Distrito Federal, sobre a companheira Maria das Graças Costa, que lutou pelofim do PL 4330, conhecido como PL da Terceirização ou PL da Escravidão. "Ela disponibilizou toda a sua habilidade, compromisso de classe e conhecimento adquiridos nas lutas nacionais e internacionais, nesta batalha contra o PL 4330", afirma o dirigente. Leia a seguir:
Se houve um
movimento importante no campo sindical em 2013, este foi e está
sendo a campanha de enfrentamento ao virulento ataque empresarial
aos direitos e conquistas dos trabalhadores. A investida patronal
desta vez se dá por meio do Projeto de Lei 4330, conhecido como o
PL da escravidão, que promove uma verdadeira reforma trabalhista,
flexibilizando as relações de trabalho, escancarando as
subcontratações, roubando direitos e conquistas históricas dos
trabalhadores e precarizando mais ainda o trabalho em todos os
setores, público e privado. No final dessa cadeia de maldades do PL
4330 está como meta pulverizar e dizimar os sindicatos.
Inúmeros dirigentes e militantes estiveram à frente da grande
mobilização nacional desenvolvida para combater esse nefasto
projeto de lei. Um deles, porém, se destacou mais: Maria das Graças
Costa, que se tornou nacionalmente conhecida simplesmente como
Graça. Encabeçando a Secretaria Nacional de Relações de Trabalho da
CUT, esta cearense, de cabelos avermelhados, pequena de tamanho, se
insurgiu contra o PL 4330 quando poucos ainda se davam conta da
ameaça que ele representava e se agigantou aos olhos de seus
adversários de classe ao coordenar uma verdadeira frente nacional
para barrar o projeto que só atende aos interesses patronais.
Os dirigentes da CUT Brasília e de várias entidades nacionais como
as Confederações dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e do Comércio
(Contraf e Contracs) passaram a admirá-la mais ainda nesse processo
de lutas, pois estiveram lado a lado combatendo as movimentações e
manobras empresariais e de seus numerosos representantes na Câmara
dos Deputados.
Reunindo e articulando forças
Graça orientou ações e percorreu o país para divulgar as mazelas do
PL 4330 para a classe trabalhadora, apresentou denúncias, liderou e
organizou manifestações no Congresso Nacional, amealhou apoios na
prática de outras centrais, bem como de vários outros setores
importantes da sociedade, como magistrados, procuradores, juízes,
juristas, advogados e artistas, pressionou parlamentares, negociou
com empresários e governo sem ceder princípios, dando visibilidade
à CUT, mesmo muitas vezes sem receber destaque e reconhecimento
merecidos, na defesa dos interesses dos trabalhadores.
Ela foi uma das responsáveis pela negociação na comissão
quadripartite, com governo, empresários e parlamentares. Uma
negociação complexa, pois a bancada dos trabalhadores estava com a
faca no pescoço, sob a ameaça constante de o PL ser colocado em
votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC).
Mas garantiu tempo para aumentar a mobilização paulatinamente em
todo o país e assegurar a pressão suficiente para que os princípios
defendidos pelos trabalhadores não fossem atropelados. Combinou
negociação e mobilização com destreza.
Uma pressão que se estendeu aos deputados federais em cada Estado.
No primeiro semestre a previsão mais otimista era de que os
trabalhadores não conseguiriam barrar a votação do PL 4330 porque
os empresários estavam usando sua capacidade de financiamento de
campanha eleitoral para obter adesão e votos para aprovar o
projeto. À medida que se ganhou tempo, os trabalhadores foram
capazes de usar a proximidade do ano eleitoral para fazer a pressão
inversa, anunciando que os parlamentares que votassem pelo PL e
contra os trabalhadores “iriam pro poste”, como discursava Graça
Costa. Ela fazia alusão à tática de divulgar cartazes com fotos e
nomes dos parlamentares traidores dos trabalhadores, uma arma já
usada com sucesso em outros momentos de luta, para que não recebam
voto para reeleição a deputado federal.
Determinada e determinante
Nesse processo, com manifestações que se tornaram praticamente
semanais entre setembro e outubro no Congresso e na CCJC, a mesa da
Câmara proibiu e, depois, limitou o acesso de militantes à Casa,
usando de violência policial para impedir a justa pressão sobre os
parlamentares. Atos e vigílias importantes que impediram todas as
manobras da bancada empresarial para tentar votar o PL. Em todos
esses momentos, percebemos a figura de Graça à frente de tudo, que
encarou firmemente os parlamentares-empresários, sem perder o foco,
mesmo recebendo insultos de alguns deputados.
A determinação dela, apoiada em ampla e crescente mobilização, deu
certo. A bancada do PT fechou questão contra o PL 4330, recebendo
apoio de alguns aliados de outros parlamentares para barrar e
obstruir o PL 4330. Há um compromisso para retardar ao máximo
qualquer possibilidade de votação agora que o Projeto foi
encaminhado para Plenário da Câmara, sem ser votado na CCJC,
aproveitando o temor da proximidade das eleições.
Agora, Graça vem impulsionando um amplo movimento para disseminar
ainda mais o debate do PL 4330. Quer levar, com apoio das
Confederações, o debate sobre os efeitos nocivos do projeto a todas
as câmaras de vereadores e assembleias legislativas do país, para
reforçar e ampliar o movimento nacional contra esse e outros
ataques patronais (há vários projetos de lei tramitando no
Congresso com teor antissindical e voltados para flexibilização e
precarização do trabalho) às conquistas dos trabalhadores.
Contra desigualdades sociais
Nós, trabalhadores, sabemos que esta ameaça é recorrente e mais
intensa nas últimas três décadas de neoliberalismo no país. Tem
sido um período em que se elevou ao extremo a ganância dos patrões
por lucro a custa da exploração da força de trabalho. A selvageria
do capital se reciclou, ganhou discursos promotores do terror,
superestimando os efeitos da crise financeira internacional, para
tomar direitos trabalhistas históricos. A “marola” da crise se
confirmou, como garantiu Lula, contrariando a falsa previsão da
oposição sobre os efeitos na economia brasileira. O país chegou ao
quase pleno emprego e melhorou seus indicadores sociais. Agora
deveria ser hora de passar a melhorar a distribuição de renda,
assegurar um mercado consumidor interno sólido, mas os empresários
atuam para perpetuar as desigualdades sociais e a concentração de
renda.
O PL 4330, de autoria do empresário e deputado Sandro Mabel
(PMDB-GO), representa a mais veemente tentativa de assalto aos
direitos dos trabalhadores. É uma reedição aprimorada de um projeto
de lei que tentava flexibilizar as relações do trabalho, mas que
foi derrubado em 2003 por iniciativa do governo Lula. O PL 4330, da
escravidão, não só possibilita as subcontratações infinitas e
indiscriminadamente em qualquer área da empresa, como prejudica
ainda mais os terceirizados, afeta negativamente salários, jornada,
carreira, benefícios sociais. Vai além. Sob uma mentirosa alegação
de regulamentar a terceirização, esse nocivo projeto busca
pulverizar e enfraquecer as organizações sindicais.
Personalidade de destaque no ano
A luta de resistência para manter os direitos é, sem medo de errar,
o movimento mais importante travado nas últimas décadas. Se esse
projeto de lei passar, perderemos um século de conquistas e
ficaremos mais outro século para tentar recuperá-las.
Por isso, entendemos que o realce no movimento sindical em 2013 foi
esta cearense de Ibaretama, pequena em estatura, mas arretada e
gigante no combate à exploração e aos exploradores. A CUT Brasília
até indicou Graça Costa para receber o 3º Prêmio CUT Democracia e
Liberdade Sempre, como “Personalidade de destaque na luta por
democracia e direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras”. Só
que os critérios da premiação impedem que atuais membros da direção
integrem a lista de concorrentes.
Fica, porém, nosso reconhecimento ao seu trabalho. A sua capacidade
de luta é fruto das suas origens e de toda a experiência adquirida
desde a época em que ela, como professora municipal, ajudou a
fundar nos anos 1980 a Associação dos Professores Municipais do
Interior do Ceará (Apromice) e a organizar e a fortalecer o
Sindicato dos Servidores Municipais de Quixadá e região. Foi
responsável lá no Sertão Central cearense pela criação do Primeiro
Comitê de Equidade de Gênero e Remuneração da América Latina.
Paulatinamente, foi levada a postos na direção da CUT estadual
Ceará, na Federação cearense e na Confederação Nacional dos
Trabalhadores no Serviço Público Municipal (entidade que representa
5 milhões de servidores e que ela presidiu por duas gestões) e no
Comitê Mundial de Mulheres da Internacional dos Serviços
Públicos.
Ela disponibilizou toda a sua habilidade, compromisso de classe e
conhecimento adquiridos nas lutas nacionais e internacionais, nesta
batalha contra o PL 4330. Em defesa dos trabalhadores e das
trabalhadoras.
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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