Investigado
por evasão de divisas, lavagem de dinheiro, manutenção de depósitos
não declarados no exterior e improbidade administrativa, o
ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)
João Roberto Zaniboni assinou contratos de prestação de serviço com
a própria CPTM até julho, por meio da empresa Focco Tecnologia e
Engenharia — o último foi assinado no dia 11 daquele mês — poucos
dias antes de a denúncia de cartel no metrô paulista, denunciada
pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência
(Cade), tornar-se pública. Zaniboni deixou a diretoria da CPTM em
2003. (Foto: Mônica
Alves/AE)
A Focco pertence a outro ex-diretor da CPTM, Ademir Venâncio de
Araújo, do setor de engenharia e obras. Foi criada em 2002 por
Araújo, três meses após sua saída da CPTM, com o nome de A.V.A.
Engenharia e Consultoria. Zaniboni entrou na sociedade em 2008 e
nela permaneceu até agosto deste ano, um mês após o escândalo do
cartel. A Focco é suspeita de ser usada para repassar dinheiro a
políticos e funcionários públicos. Em 2011, a empresa abriu uma
filial em Guanambi, na Bahia.
Bloqueio
A Justiça Federal bloqueou R$ 2,095 milhões da Focco e recursos das
contas pessoais de seus dois sócios — R$ 4,915 milhões de Zaniboni
e uma de suas filhas, e R$ 1,047 milhão de Araújo. Os dois
assinaram juntos os contratos da Linha 5 do metrô de São Paulo, que
liga Capão Redondo ao Largo 13 de Maio, ao lado do então presidente
da CPTM Olivier Hossepian Salles de Lima, que também teve R$ 27,2
mil bloqueados. Os três são investigados por conduta ilícita na
licitação também pela Corregedoria do governo.
A existência do cartel
Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, a Focco
recebeu R$ 2,095 milhões da francesa Alstom, entre 2004 e 2006, e
R$ 136,8 mil da Tejofran, duas empresas do consórcio Sistrem,
vencedor da licitação da Linha 5. O valor do contrato, atualizado
pelo IGP-DI, chega a R$ 1,593 bilhão. No total, foram 11 aditivos
entre 2001 e 2004, elevando o prazo de entrega do serviço dos 24
meses previstos inicialmente para 56 meses, mais que o dobro do
previsto.
O contrato é considerado um dos principais documentos da existência
do cartel porque uma das empresas que inicialmente participaram da
concorrência, a Mitsui (filial brasileira e matriz), foi
subcontratada para prestar o serviço. O contrato prevê importação
de peças e componentes e transfere para a CPTM toda a cobrança de
impostos, taxas, tributos e obrigações das contratadas e
“subcontratadas” dentro e fora do país, além das despesas com
desembaraço aduaneiro. Os preços de equipamentos e serviços são
reajustados anualmente. Por várias vezes foi modificada a
quantidade de material necessária para o serviço. Além do real, o
contrato teve partes firmadas em euro e iene.
Consórcio Sistrem
Para as autoridades, há indícios fortes de que os três funcionários
da CPTM receberam vantagens indevidas do consórcio Sistrem e
“seriam intermediários no pagamento de propinas”. Um dos executivos
da Siemens, que assinou acordo de leniência com o Cade, disse que o
fornecimento dos carros do metrô, nesse contrato, foi mais alto
porque foi “organizado num consórcio político”.
As empresas do Consórcio Sistrem, segundo depoimentos,
comprometeram-se a pagar 9% de propina. O pagamento era feito para
consultorias montadas no exterior e repassadas a consultorias no
Brasil. Zaniboni recebeu dinheiro numa conta na Suíça, a Milmar,
enquanto esteve na CPTM (1999 a 2003). A Gantown mantinha contrato
com a Alstom e a Leraway com a Siemens. As duas seriam usadas para
repassar dinheiro de propina, sem prestação de serviços. E-mails
copiados para a cúpula da Alstom confirmariam a ação de Teixeira no
lobby.
Zaniboni teria transferido imóveis para suas filhas. Em nome de uma
delas, Milena Zaniboni, foi feito aporte único de R$ 1,936 milhão
numa previdência privada.
O advogado da Focco, Luiz Fernando Pacheco, disse que as prestações
de serviço da Focco para a Alstom ocorreram em 2005, três anos após
Araújo deixar a CPTM, e que os serviços foram prestados. Afirmou
que a saída de Zaniboni da Focco estava sendo negociada antes das
denúncias da Siemens ao Cade. “A CPTM tem seis contratos em
andamento e três encerrados com consórcios em que há a participação
da empresa Focco. Após a divulgação dos detalhes das investigações
do Ministério Público, a companhia abriu auditoria interna para
verificação desses contratos, a qual está em andamento”, disse a
companhia, em nota, frisando que os contratos foram licitados.
Com informações do
jornal O Globo
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