O projeto que cria o marco estabelece direitos e deveres para o uso democrático e livre da rede no Brasil e amplia proteção ao usuário. O texto que está na Câmara tem o apoio da CUT e movimentos sociais. Para que a população possa entender melhor o que é o Marco Civil da Internet, a Central elaborou uma série de perguntas e respostas que ajudam a esclarecer o assunto. Confira a seguir:
O que é o Marco Civil da internet?
É
um marco regulatório que visa definir e consolidar direitos,
deveres e princípios para o uso e o desenvolvimento da internet no
Brasil, de forma livre e aberta, e as regras de proteção aos
usuários. Define tambémas diretrizes para a atuação dos Poderes
Públicos ma regulação do uso da internet no
Brasil.
Qual é o
seu objetivo principal?
A universalização do direito de
acesso à internet, como uma mídia livre e democrática, e a promoção
da inovação na área.
Por que
o Marco Civil da Internet é importante?
O Marco traz
princípios fundamentais para garantir que a internet não seja
apropriada por interesses comerciais e que não sirva de instrumento
para a discriminação social, o cerceamento da livre manifestação do
pensamento e para o desrespeito à garantia da privacidade. O
Marcoassegura a preservação dos princípios da internet livre e
aberta, protege os direitos daqueles que utilizam a rede e assegura
os instrumentos necessários para que prestadores de serviços de
telecomunicação realizem o gerenciamento de seus serviços e redes
preservando o princípio da neutralidade (leia mais abaixo)
de rede.
Como
surgiu a proposta da lei do Marco Civil da Internet?
O
texto é inspirado na resolução de 2009 do Comitê Gestor da Internet
no Brasil “Os princípios para a governança e uso da Internet”. Com
base neste documento, o Ministério da Justiça em parceria com o
Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação
Getulio Vargas no Rio de Janeiro lançou a proposta também em
2009.
Como e
quando o Marco vai ser implementado?
O Marco Civil da Internet foi proposto pelo Executivo, em agosto de
2011, por meio do Projeto de Lei 2116, que tramita em regime de
urgência constitucional, na Câmara dos Deputados. A última versão
do texto, relatado pelo deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ) -
foi divulgada em 6 de novembro deste ano. O PL aguarda votação, mas
enfrenta oposição de empresas de telecomunicação. Depois de votado
pela Câmara, o projeto irá para o Senado.
Há
quanto tempo o projeto tramita na Câmara?
O PL está no Legislativo há um ano e quatro meses. Durante esse
período, o texto incorporou outros 37 projetos de lei similares e
já foi retirado da pauta quatro vezes, em consequência de manobras
de parlamentares contrário ao Marco Civil.
A
proposta do Marco Civil foi debatida/tem o apoio da
sociedade?
O texto foi debatido com representantes da
sociedade por meio da Comissão Especial (instalada pela Câmara para
discutir a proposta), de audiências e duas consultas públicas. Os
movimentos sociais, que participaram da construção colaborativa da
primeira versão encaminhada pelo Executivo à Câmara, apoiam
amplamente a nova versão do texto apresentada está semana. Esse
debate foi iniciado em 2009
Então,
por que o PL não foi votado e aprovado até agora?
Os grupos
econômicos veem na internet uma fonte inesgotável de lucros.
As empresas de telecomunicação têm se mobilizado para impedir a
aprovação do projeto, respaldada na ação de parlamentares
conservadores e representativos do poder econômico, que dominam o
Congresso Nacional. Em 20 de novembro de 2012, quando o
projeto foi retirado pela quarta vez, o voto foi acolhido pela
maioria dos partidos, menos do PT, PSOL e PC do
B.
Por que
as teles são contra o projeto do Marco Civil?
Elas querem
discriminar o tráfego de pacotes de dados na internet, de acordo
com o valor pago pelos consumidores e, ao contrário do que
estabelece o projeto, querem ter o direito de guardar e usar as
informações privadas daqueles que usam suas redes. Muitas delas
vendem pacotes de tráfego de dados que permitem o acesso somente a
sites e serviços específicos, como email e redes sociais,
bloqueando o acesso a páginas em geral. Com o projeto, isso não
seria mais permitido.
Qual é a posição da CUT sobre o
Marco?
A CUT nacional, em conjunto com movimentos sociais,
apoia a aprovação do projeto na íntegra, com destaque para a
neutralidade de rede e a liberdade de expressão. A Central Única
dos Trabalhadores encaminhou aos deputados federais, em 29 de
outubro deste ano, mensagem na qual pede a aprovação do Marco Civil
da Internet (PL 2126/2011). No documento, a CUT afirma que a
aprovação do marco “elevará o Brasil a um patamar de protagonismo
mundial em relação ao tema, tornando-o referência no âmbito das
leis democráticas de interesse do conjunto da sociedade
brasileira”.
Como o
Marco vai proteger o usuário/internauta?
Marco Civil da
Internet prevê a garantia da privacidade e a proteção dos dados
pessoais em cinco artigos, entre eles, o que garante a neutralidade
da rede, que tem causado mais polêmica e
oposição.
Mas o
que significa neutralidade da rede?
É a garantia de que
todos os conteúdos e usuários sejam tratados da mesma maneira. Como
exemplo prático, as operadoras de telecomunicações, que são
provedoras de acesso à internet, podem ter uma oferta diversificada
de banda, mas não podem bloquear ou limitar a velocidade de
tráfego, dentro do pacote de banda contratado, para determinados
aplicativos, sítios ou conteúdos na rede. Diferenciar por tipo de
serviço ou de usuário, o que pode ou não ser acessado, eliminando a
possibilidade de escolha de empresas e pessoas na internet, é uma
quebra inadmissível da neutralidade.
Há
exemplo prático disso?
Em um prédio com vários elevadores,
todos são neutros, ou seja, ninguém é impedido de usar elevador A,
B ou C, isso é neutralidade. Não há razão em acessar apenas uma
parte da internet, com uma operadora que só vende acesso a
serviços de email ou apenas ao Google e outros buscadores e
serviços de conteúdo. Seria como comprar um carro que só pode ir
até um raio de 1 km em torno da sua casa e quando chega perto, o
veículo para de funcionar.
Por que
a neutralidade é tão importante e criou tanta polêmica?
A
neutralidade da rede garante que a internet seja uma plataforma
livre e sem restrições para inovação. É a chave para o
desenvolvimento e a criação de novas aplicações e uma ferramenta
popular por meio da qual as relações se estabelecem de forma
voluntária. Princípios que estão de acordo com a Organização das
Nações Unidas (ONU), que incluiu o uso da internet e da web como um
direito humano.
Então o
Marco Civil e a neutralidade podem garantir uma internet livre, mas
o que isso quer dizer?
As provedoras de internet não poderão oferecer planos de acesso que
permitam aos usuários utilizar só email, redes sociais ou vídeos.
Isso porque a transmissão de informação pela internet deverá tratar
todos os dados da mesma forma, sem distinção de conteúdo, origem e
destino ou serviço. Esta é a chamada neutralidade de rede, tema que
tem contrariado as empresas de telecomunicações.
Além da
neutralidade, que outros pontos são importantes?
Privacidade, dados pessoais, armazenamento de dados (os chamados
datacenter), vigilância na web; internet livre; fim do marketing
dirigido; liberdade de expressão; conteúdo
ilegal.
Sobre a
privacidade dos usuários/internautas
Em um cenário sem
nenhuma regulamentação sobre os limites e a garantia da privacidade
na internet, o Marco Civil busca dar ao usuário o direito de
privacidade da intimidade e da vida. Assim, o sigilo de
comunicações de usuários da internet estaria garantido, salvo em
casos de ordem judicial. Além disso, o usuário passa a ter o
direito de não fornecer dados de navegação para terceiros. Este
ponto pode garantir a proteção de privacidade em alguns
casos.
E como essa garantia de privacidade e sigilo do usuário será feita?O Marco Civil determina que o sigilo das comunicações dos usuários da internet não pode ser violado. Provedores de acesso à internet serão obrigados a guardar os registros das horas de acesso e do fim da conexão dos usuários pelo prazo de um ano, mas isso deve ser feito em ambiente controlado. A responsabilidade por esse controle não deverá ser delegada a outras empresas. Não fica autorizado o registro das páginas e do conteúdo acessado pelo internauta. A coleta, o uso e o armazenamento de dados pessoais pelas empresas só poderão ocorrer desde que especificados nos contratos e caso não sejam vedados pela legislação.
Mas a
Constituição Federal e o Código de Defesa do Consumidor já não
estabelecem a privacidade do usuário da internet?
A Constituição e o Código defendem de forma genérica a privacidade,
mas não tratam de formas específicas os limites de uso de uma
informação e também de prazo de uso
Como o
Marco irá proteger os dados pessoais?
Provedores de acesso
e aplicações não poderão ceder dados a terceiros sem que os
usuários permitam. O projeto estabelece proteção aos dados pessoais
do internauta - nome, endereço, telefone, fotografias ou outros que
possam identificá-lo. Também será obrigada a exclusão de dados
pessoais de usuários que termine uma relação com uma aplicação na
internet. Por exemplo, alguém que encerrar um perfil em uma rede
social terá os dados apagados. Hoje, a rede social pode seguir
usando os dados pessoais do usuário. É comum na internet a oferta
de um serviço gratuito para, em contrapartida, aquele prestador
ficar com a informação do cliente.
E sobre
a retirada de conteúdo da internet?
Atualmente, não existe
nenhuma lei específica que trate da retirada de conteúdos da
internet. Assim, os provedores (ou administradores de serviços) tem
liberdade para agir como quiserem e podem “retirar”qualquer
conteúdo cada vez que algum usuário/internauta solicita ou denuncia
uma publicação. O Marco Civil quer criar um mecanismo que
regulamenta a ação dos servidores em relação à retirada de
conteúdos, que não precisariam ser excluídos de imediato, exceto
sobre ordem judicial. A intenção é tirar dos provedores a quase
atribuição de juiz e deixar essa ação para o
Judiciário.
O Marco
Civil exige que seja obrigatório o armazenamento de dados no país,
os chamados datacenter, por quê?
Pelo projeto de lei, o
governo poderá, por meio de decreto, obrigar empresas que oferecem
conexão e sites (como Google e Facebook, por exemplo) a armazenar e
gerenciar dados no Brasil. O PL estabelece que é preciso que as
empresas tenham finalidade econômica e que se considere o seu
"porte". Isso exclui da exigência, por exemplo, blogs e garante
liberdade de expressão. A exigência de “datacenter” no País foi um
pedido da presidente Dilma Rousseff. O governo acredita que omarco
será uma ferramenta legal para livrar o Brasil da ‘ciberespionagem’
estrangeira, como a feita pelos Estados Unidos envolvendo a
presidenta e membros do seu Planalto.
E o PL
do Marco fala das redes digitais (sociais)
Pelo
projeto do Marco Civil, sites como Youtube e Facebook não podem ser
responsabilizados por conteúdos publicados por terceiros, a não ser
que desobedeçam ordem judicial para remover conteúdo
infringente.
Pelo
projeto, o que acontece se o usuário decidir sair de uma rede
social?
De acordo com o texto do marco civil da
internet, se houver solicitação do usuário, as redes sociais não
poderão mais manter informações pessoais após este usuário excluir
seu perfil. Caso infrinjam as determinações, provedores e
aplicações estarão sujeitos a sanções cíveis, criminais e
administrativas. A retirada da informação não será obrigatória se o
usuário não solicitar
As
empresas vão poder espiar o conteúdo de informações trocadas pelos
usuários na rede?
Não. Hoje, isso é feito com objetivos comerciais, como para
publicidade, nos moldes do que Facebook e Google fazem para enviar
anúncios aos seus usuários de acordo com as mensagens que trocam. O
Marco não permitirá, por exemplo, a formação de bases de clientes
para isso, que é chamado de marketing dirigido.
O Marco Civil vai garantir uma internet com a mesma velocidade,
mesmo que a não se pague por isso?
Pela proposta, as regras
estabelecidas pelo Marco não inviabilizam a oferta de pacotes com
diferentes velocidades, mas esses detalhes sobre regras para
pacotes não entraram no texto do PL por se tratar de modelo de
negócios.
No caso de pacotes, o que será proibido em favor dos
usuários/internautas?
Será proibido monitorar, filtrar, analisar ou fiscalizar o conteúdo
dos pacotes, salvo em hipóteses previstas por
lei.
O Marco
Civil da Internet garante liberdade de expressão?
Provedores de conexão à web e aplicações na internet não serão
responsabilizados pelo uso que os internautas fizerem da rede.
Conteúdos publicados pelos usuários só serão retirados,
obrigatoriamente, após ordem judicial. As entidades que oferecem
conteúdo e aplicações serão responsabilizadas por danos gerados por
terceiros apenas se não acatarem a ordem judicial. Isso acabaria
com o que é chamado de "censura privada".
Quantos
brasileiros têm acesso à internet? E no mundo?
Cem milhões
no Brasil. No mundo, segundo a União Internacional das
Telecomunicações(UIT), 2,7 bilhões de pessoas estarão conectadas à
internet até o final deste ano, o que representa 40% da população
mundial.
GLOSSÁRIO
Banda larga-Linha de alta velocidade de transmissão de dados usada para o acesso à internet. No Brasil convencionou-se chamar de Banda Larga o acesso à internet mais rápido que o convencional, por linha discada
Ciberespaço- denomina o espaço eletrônico onde as informações da Internet circulam.
Comunidade virtual- pessoas com mesmos interesses que fazem parte de grupos na Internet.
Comércio eletrônicoé a venda de produtos e serviços através da Internet.
Domínio público- Algo que está no domínio público (software, p. ex.) é algo que se pode copiar, cortar, colar, queimar, distribuir, e nomeadamente utilizar sem pagar o que quer que seja. Normalmente deve ser dado o devido crédito ao(s) autor(es).
Multimídia- conceito usado para designar a existência de imagens, sons, textos e animações em um programa.
Mecanismo de busca- site utilizado como referência para buscar outros sites ou informações pela Internet. Exemplos : google, cade, yahoo, radaruol entre outros
Plataformaé o sistema operacional utilizado pelo internauta (Windows 95, NT, Unix, etc.).
Protocolo -informações e procedimentos técnicos que possibilitam a transferência de dados pela rede.
Provedor de acessoé uma empresa que provê acesso à Internet aos seus clientes por meio da manutenção de uma central de linhas telefônicas exclusivas ligadas aos seus servidores de serviços Internet.-. Pode ser paga ou gratuita.
Provedores (ou fornecedores) de informação-Empreendimentos que disponibilizam informações na rede para os usuários.
Servidoré o computador que administra e fornece programas e informações para os computadores conectados em sua rede.
Web- abreviação de WWW (World Wide Web ) -e é o ambiente multimídia da Internet, a reunião de texto, imagem, som, vídeo e movimento na Internet.
Datacenter – centro para armazenamento e manutenção de dados
Fontes consultadas: CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), bibliotecas/acervo do Senado e Câmara dos Deputados, E-Democracia, JusBrasil, Presidência da República Planalto, ONU, Texto do PL 2116/2011, ICANN
Com informações da CUT Nacional
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
Redação CNTTL
Mídia Consulte Comunicação &Marketing
Editora e Assessora de Imprensa: Viviane Barbosa MTB 28121
WhatsApp: 55 + (11) 9+6948-7450
Assessoria de Tecnologia da Informação e Website: Egberto Lima
E-mail: viviane@midiaconsulte.com
Redação: jornalismo@midiaconsulte.com
Siga a CNTTL nas redes sociais:
www.facebook.com/cnttloficial
www.twitter.com/cnttloficial
www.youtube.com/cnttl
Mídia
Canal CNTTL