Sete em cada dez brasileiros querem mais
regras para o conteúdo da programação veiculada na tevê, revela uma
pesquisa divulgada na sexta-feira, dia 16, em São Paulo pela
Fundação Perseu Abramo (FPA), entidade ligada ao Partido dos
Trabalhadores. A pesquisa mostra também que 46% da população
é favorável a que essa regulamentação seja definida e fiscalizada
através do chamado "controle social", por um "órgão ou conselho que
represente a sociedade".
O estudo entrevistou 2.400 pessoas em 120 municípios do país, entre
abril e maio, para mapear a percepção dos brasileiros sobre os
meios de comunicação, além de formular perguntas relativas ao grau
de concentração das emissoras, regime de concessões, penetração da
internet, neutralidade da cobertura da imprensa e representação dos
setores da sociedade na mídia. A margem de erro oscila entre 2 e 5
pontos percentuais.
A FPA detectou que a televisão continua sendo uma preferência
nacional: 94% dos brasileiros cultivam o hábito de assistir tevê e
82% recorre à telinha diariamente. Mais que isso: quase 90% das
pessoas usam a tevê para se informar sobre o que acontece no mundo.
O rádio aparece em segundo lugar, atingindo 79% da população. A
internet surge na terceira colocação, ao lado dos jornais
impressos: 43% afirmam ter acesso à rede. Dessa parcela, 38% usam o
Facebook e 25% o Google.
Quanto aos jornais, a maioria das pessoas que afirma lê-los (46%)
recorre a títulos locais ou regionais. Depois deles, o periódico
mais lido no país é o Extra, seguido pelo Super e pelo Diário
Gaúcho. Entre as revistas, a Veja se mantém na primeira colocação,
à frente de IstoÉ, Época e Caras. "Apesar de todo o crescimento da
internet, a radiodifusão ainda tem um poder de influência
estrondoso", observa Pedro Ekman, membro do Coletivo Intervozes,
durante o lançamento da pesquisa.
Empresas
"Esse país só será democrático quando nos intervalos da programação
for informado que as emissoras são concessões públicas, e que as
concessões públicas têm começo e fim", ressalta Laurindo Leal
Filho, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da
Universidade de São Paulo (USP), comentando outro dado da pesquisa:
cerca de 70% dos brasileiros não sabem que os canais de tevê aberta
pertencem ao Estado e 60% acreditam que as emissoras são empresas
privadas como "qualquer outro negócio".
A população tampouco sabe que os meios de comunicação estão
concentrados nas mãos de alguns poucos grupos familiares. "Mais da
metade acredita que o número de grupos privados que controla as
emissoras é grande", diz o estudo, "para 25% é médio e apenas 12%
avaliam que é pequeno." Porém, quando informados de que "a maior
parte da mídia no Brasil é controlada por cerca de dez famílias",
40% dos entrevistados avaliaram que isso é "ruim para o país". Para
23%, é bom.
Segundo Ekman, cujas apreciações encontram eco nas opiniões do
presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de
Itararé, Altamiro Borges, "mesmo que as pessoas não saibam que os
canais de tevê são concessões públicas, elas acham que as
comunicações precisam de mais regras”.
Altamiro argumenta: "Temos que fazer com que as emissoras informem
os espectadores que operam concessões públicas. Deveria ser
obrigatório. O governo também deveria dar publicidade à existência
da concentração midiática. As pessoas avaliam que as afiliadas da
Globo espalhadas pelo país, por exemplo, são empresas à parte. Mas
elas retransmitem conteúdo."
Desafios
Para Altamiro Borges, o nível de desconhecimento sobre concentração
midiática e concessões públicas "deixa os filhos do Marinho
dormirem sossegados" e apresentam dificuldades para as organizações
que lutam pela aprovação de uma lei para democratizar as
comunicações do país. "Mas outros dados podem provocar um baita
pesadelo para eles: a população está descontente com a programação.
E as pessoas sabem que a mídia defende o interesse dos donos das
emissoras e das elites do país, e que os jornalistas não têm
autonomia para trabalhar."
A FPA detectou que 35% dos brasileiros entendem que os meios de
comunicação defendem os interesses de seus proprietários; 32%, os
interesses dos que têm mais dinheiro; e 21%, dos políticos. Apenas
8% acha que a mídia está a serviço da população.
Quanto à programação, 43% afirmam não se reconhecerem na telinha e
23% sentem que são retratados com negatividade. Mais da metade
avalia que a tevê costuma tratar mulheres, negros e nordestinos com
desrespeito. E 61% acredita que os empresários têm mais espaço do
que os trabalhadores.
Laurindo Leal Filho afirma que a pesquisa será um divisor de águas
na discussão política e acadêmica sobre a democratização da
comunicação. "Teremos um antes e um depois desse estudo", decreta o
professor da ECA-USP. "Agora temos dados concretos."
Altamiro Borges avalia que cabe agora aos movimentos sociais
encontrar a melhor maneira de se apropriar dessas informações para
trabalhar em prol da democratização. "Estamos saindo do
achismo."
Pedro Ekman, do Coletivo Intervozes, complementa: "Essa pesquisa é
um instrumento muito importante. Agora a gente começa a ter bases
mais sólidas para o debate público."
Com informações de Rede Brasil Atual
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