“O Projeto de Lei do Nascituro é contra as mulheres e a favor do estuprador”, afirma CNTT/CUT

Para a Confederação, o PL viola o direito à igualdade entre homens e mulheres e representa um retrocesso para o País.


Publicação: 14/08/2013
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Já aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados e aguardando designação da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), o Estatuto do Nascituro (Projeto de Lei 478/2007) representa  um retrocesso para a sociedade brasileira e um atentado aos direitos das mulheres. O PL  provocou a indignação de movimentos sociais ligados à defesa dos direitos humanos, em especial da CNTT/CUT e da CUT.
Se aprovado, a mulher estuprada que viesse a engravidar seria submetida à tripla humilhação: ter sido agredida sexualmente, ser coagida pelo Estado a carregar no ventre as lembranças de um ato nefasto, e conviver com o agressor, que seria obrigado a pagar pensão à criança.
A CNTT/CUT afirma que o PL do Nascituro precisa ser urgentemente arquivado na Câmara.  Este PL retira a culpa do agressor, que estupra e o transforma em pai e a mulher tem que carregar esse trauma, sob pena de ir para a cadeia. 

CNTT/CUT é contra o PL do Nascituro
A Confederação pede aos sindicatos dos transportes filiados no Estado a abraçarem esta Campanha contra o "Projeto de Lei que cria o Estatuto do Nascituro", divulgando para os trabalhadores suas consequências nefastas. Abaixo, confira os principais pontos negativos do PL.

Amplia a criminalização do aborto para as situações que hoje são permitidas por lei.
Dificulta o acesso das mulheres ao aborto legal, já bastante limitado no Brasil, e que pode ser ainda mais restrito caso esse projeto de lei seja aprovado. Até as mulheres que têm o direito ao acesso ao aborto previsto em lei seriam criminalizadas, como nos casos de risco de morte e nos casos de estupro, ou nos casos, recentemente autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em que o feto sofre de anencefalia, anomalia grave incompatível com a vida extrauterina.
O projeto torna a maternidade compulsória mesmo para as vítimas de estupro que serão obrigadas a suportar a gravidez resultante do crime, agravando sobremaneira seu quadro de estresse pós-traumático, o que põe em risco sua saúde mental. A situação é especialmente preocupante considerando o grande número de crianças e pré-adolescentes grávidas em decorrência de abuso sexual, cuja grande maioria é vítima de abusos sexuais durante anos por parte de pais, padrastos ou outros familiares. O projeto obrigaria vítimas de pedofilia a suportar gestações que, além de traumáticas, são de alto risco, pois seus corpos não estão completamente formados. É uma situação análoga à tortura, tratamento cruel, desumano e degradante. 

Viola o direito à igualdade entre homens e mulheres. De acordo com o Projeto de Lei, as mulheres grávidas passam a ser consideradas como criminosas em potencial. Se uma mulher sofrer um abortamento espontâneo –25% das gestantes podem sofrer abortamento espontâneo no início da gravidez – em uma situação extrema, pode ser alvo de uma investigação policial ou ser processada por ter violado o direito à vida do embrião.  Em especial, discrimina as mulheres em situação de maior vulnerabilidade. Mulheres de baixa renda, negras, com pouca escolari­dade, jovens e com limitado acesso aos serviços de planejamento reprodutivo seriam as mais afetadas. São essas mulheres que correm maior risco de morrer de morte materna evitável por complicações devido a abortos inseguros.
Poderá contribuir para o aumento da morbidade e mortalidade materna por abortos inseguros. O aborto inseguro é uma questão de Direitos Humanos das mulheres e questão de saúde pública no Brasil, onde anualmente quase duzentas mulheres morrem e milhares sofrem sequelas devido a práticas clandestinas e não seguras. Está, portanto, na contramão da tendência de revisão ou ampliação das leis restritivas em relação ao aborto no mundo, como ocorreu recentemente em Portugal, Colômbia, Uruguai, México e Espanha. As evidências têm demonstrado que a simples proibição do aborto em nada tem contribuído para diminuir sua prática, mas contribui para o risco de aborto inseguro e clandestino.

Viola os tratados internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é signatário, que não protegem o direito à vida para fetos e embriões. O projeto de lei confere proteção ao direito à vida do embrião em detrimento às realidades concretas e materiais vividas e enfrentadas por mulheres que possuem autonomia e são titulares de direitos constitucionais à saúde, à liberdade, à igualdade e à não discriminação. Viola os direitos fundamentais e invioláveis à vida e à saúde das mulheres ao dar ‘’prioridade absoluta’’ e ‘’proteção integral’’ ao embrião, proíbe qualquer ato que ameace a continuidade da gravidez, mesmo que tal ato seja necessário para preservar a saúde ou a vida da mulher. O projeto prevê indevidamente extensão de direitos da pessoa humana ao feto encontra-se no art. 8º, quando são estendidos ao nascituro os mesmos direitos de uma criança. Trata-se de violação do princípio da igualdade, pois está se aplicando tratamento idêntico a situações diversas e sem qualquer critério de proporcionalidade. A criança nascida e viva é uma pessoa humana, dotada de autonomia, dignidade e capacidade de ser, estar e sentir no mundo, ainda que em profunda dependência das figuras das pessoas adultas de sua família, por ela responsáveis, e da comunidade em geral.

Viola o princípio constitucional do Estado Laico. Os valores morais das religiões vigentes, além de diversos, não devem influir na vida sexual e reprodutiva privada das mulheres.
Não existe consenso científico sobre quando começa a vida. Elaborar lei que define que a vida começa na concepção é impor tal idéia, que tem sua origem em segmentos conservadores dogmáticos, sobre toda a população brasileira, violando a separação entre igreja e estado, e a liberdade religiosa dos que seguem outras doutrinas.
O projeto ainda prevê uma bolsa para as mulheres vítimas de estupro criarem seus filhos, porém esta bolsa só será viável se a mulher denunciar o estupro. É, portanto, ineficiente, pois se sabe que muitas mulheres não o denunciam por medo, vergonha, ou por conhecer o agressor. Mesmo quando houver a adoção, as mulheres ainda levarão adiante uma gravidez indesejada, sem que pos­sam exercer a autonomia reprodutiva criando uma situação análoga à da tortura. Haveria aumento no número de recém-nascidos abandonados por mulheres sem condições emocionais de criá-los.

Cria barreiras para o acesso à contracepção. O projeto de lei pode ser um obstáculo para o acesso a métodos contraceptivos, à anticoncepção de emergência, sob o argumento da proteção ao direito à vida do ovo, embrião ou feto. O projeto de lei proibiria pesquisas com material embrionário. Sabe-se que o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas foi autorizado por decisão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2008. O STF decidiu que o direito à terapia com células-tronco é constitucional e integra o direito à saúde.
Há sérias violações ao direito de liberdade da mulher gestante, à sua dignidade, autonomia, segurança e ao seu direito à saúde, visto que a legislação ora proposta termina por criar uma prevalência ou prioridade do embrião sobre a mulher, que se torna mero instrumento para viabilizar o nascimento com vida do nascituro.

Viviane Barbosa, editora do Portal CNTT/CUT, com Carta Maior e movimentos feministas


 



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