Depois de mais de três horas de reunião, a
CUT e as demais centrais sindicais conseguiram abrir um processo
efetivo de negociação e, mais uma vez, adiar a votação do Projeto
de Lei nº 4330 que permite a terceirização em todas as atividades
das empresas.
A primeira reunião de negociação quadripartite para discutir o PL
4330, que seria votado na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara dos Deputados (CCJ) na próxima terça-feira, dia 9 de julho,
foi realizada na quarta-feira, dia 3, na Secretaria Geral da
Presidência da República.
Depois de muito debate, foi decidida a formação de um grupo de
trabalho composto por 3 trabalhadores, 3 parlamentares, 3
representantes do governo e 3 empresários, que vão se reunir nos
dias 5, 8 e 9 de julho, para negociar alterações no PL 4330.
Na tarde do dia 9, os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral
da Presidência da República) e Manoel Dias (Trabalho e Emprego), os
parlamentares, empresários e os dirigentes sindicais vão avaliar se
as negociações estão avançando.
Tanto parlamentares quanto empresários fizeram questão de afirmar
que, caso não haja consenso até esta data, o PL será votado na CCJ
no dia 10. Caso as negociações avancem, a votação pode ser adiada
novamente por um período maior até que as partes cheguem a um
acordo.
Durante a reunião desta quarta, os parlamentares e os empresários
defenderam o PL 4330 argumentando, entre outras coisas, que o
projeto garante segurança jurídica para os empresários e para os
trabalhadores.
Já a bancada sindical, rebateu dizendo que o PL, na verdade, traz
insegurança jurídica para todas as partes envolvidas e não atende
os interesses da classe trabalhadora, representa mais precarização
das condições de trabalho, com enormes prejuízos para a classe
trabalhadora.
Por tudo isso, os dirigentes consideraram a reunião positiva. Para
a secretária Nacional de Relações de Trabalho da CUT, Maria das
Graças Costa, a abertura de diálogo e suspensão da votação,
resultados da luta e determinação dos/as sindicalistas, foi
um avanço.
“A suspensão da votação do projeto na CCJ no dia 9 aliada ao
processo de negociação quadripartite é um passo importante
para as centrais sindicais e para a classe trabalhadora. Agora,
temos a chance de mudar o projeto. Do jeito que está, não aceitamos
de jeito nenhum”.
O ministro Gilberto Carvalho considerou a reunião histórica. “Pela
primeira vez nos últimos anos construímos uma mesa quadripartite
que pode chegar a um entendimento”.
Gilberto pediu o empenho de cada uma das partes para que o processo
avance, de forma rápida e madura, pois se tiver entendimento a
tramitação tanto no Congresso quanto no governo será muito mais
fácil.
Par a o ministro Manoel Dias, “o ambiente atual é favorável ao
entendimento tanto da parte dos trabalhadores quanto dos
empresários”. Ele também pediu as bancadas que chegassem a um
acordo em um prazo razoável.
O deputado Artur Maia (PMDB-BA), que mais defendeu o PL 4330
durante as três horas de reunião, foi também o que mais demonstrou
disposição de negociar e fez várias propostas até chegar ao acordo
de adiamento da votação e realização de três reuniões para tentar
chegar a um consenso com a bancada dos trabalhadores.
Participaram da reunião representantes de todas as centrais
sindicais (pela CUT, além de Maria das graças Costa, Quintino
Severo, Secretário de Administração e Finanças); os ministros do
Trabalho e Secretaria-Geral; os deputados Artur Maia (PMDB-BA)
relator do PL 4330, Sandro Mabel (PMDB-GO), autor do projeto,
Ricardo Berzoini (PT-SP), entre outros e empresários da CNI, CNC e
CNA.
Sobre o PL 4330
Para os dirigentes CUTistas, a aprovação deste projeto representa a
pior reforma trabalhista já feita no Brasil. Para impedir a
aprovação do 4330, de autoria do deputado e empresário Sandro Mabel
(PMDB-GO), que tramitava rapidamente na Câmara dos Deputados, a CUT
fez vários atos e manifestações no Congresso e conseguiu parar a
tramitação durante 30 dias. No próximo dia 9, o projeto volta à
pauta.
Durante as pressões contra a aprovação do PL 4330, o presidente da
CUT reivindicou à presidenta Dilma Rousseff que a terceirização
entrasse na lista de itens que as centrais sindicais estão
discutindo com o governo na Mesa Nacional de Negociação, onde está
sendo negociada a pauta dos trabalhadores entregue para a
presidenta em março. Dilma atendeu a reivindicação e algumas
reuniões já foram realizadas, mas esta é a primeira reunião que
contará com a presença de empresários.
Histórico
A CUT, a CTB, a CGTB, a UGT e a NCST, divulgaram em abril uma carta
aberta à população expressando suas preocupações quanto à aprovação
deste PL que estava tramitando em ritmo acelerado na Câmara dos
Deputados.
Para os sindicalistas, a proposta de regulamentação da
terceirização, contida no relatório final do deputado Arthur Maia
(PMDB-BA) ao Substitutivo do Projeto de Lei 4330/2004, feito pelo
deputado Roberto Santiago (PSD-SP) agravará ainda mais os efeitos
de uma terceirização perversa que afeta os/as trabalhadores/as, uma
vez que, além de liberar a terceirização para todos os tipos de
atividades das empresas, não estabelece a responsabilidade
solidária das empresas contratantes e não garante a isonomia.
Os sindicalistas entendem que, as práticas de terceirização,
fortalecidas pelo substitutivo, vai institucionalizar a
rotatividade que contamina as relações de trabalho e impede o
desenvolvimento do mercado interno. Sem garantias de que
permanecerá empregado, o trabalhador não investe na compra da casa
própria ou até de um carro, de uma geladeira nova.
O Brasil possui hoje um gigantesco índice de rotatividade, segundo
o estudo de 2011 do DIEESE, denominado “Rotatividade e
Flexibilidade no Mercado de Trabalho”, o qual afirma que
aproximadamente 50% do total de trabalhadores com carteira assinada
entre os anos de 2008 e 2010 foram demitidos e recontratados.
Na carta aberta, os sindicalistas dizem ainda:
Nas últimas décadas, o crescimento descontrolado da terceirização,
com o objetivo principal de reduzir custos das empresas, resultou
em grande precarização das condições de trabalho, com aumento das
situações de risco e do número de acidentes e doenças, devido ao
desrespeito às normas de saúde e segurança, baixos níveis
salariais, ampliação das jornadas de trabalho, crescimento da
rotatividade e inadimplência de direitos trabalhistas.
Além disso, os empregados terceirizados sofrem discriminações no
local de trabalho, sendo tratados como trabalhadores de “segunda
categoria”. E, ao contrário do que é amplamente divulgado
pelos que são diretamente interessados, a terceirização não gera
emprego nem garante a alocação de mão de obra especializada. Os
resultados nefastos deste processo estão estampados nas
estatísticas de sofrimento, adoecimento e morte.
O parecer do deputado Arthur Maia (PMDB-BA) ao Substitutivo do PL
4330/2004, se aprovado, agravará ainda mais essa situação, pois,
além de liberar a terceirização para todos os tipos de atividades
das empresas, não estabelece a responsabilidade solidária das
empresas contratantes e não garante a isonomia de direitos e das
condições de trabalho dos terceirizados.
Representamos milhões de trabalhadores e trabalhadoras do campo e
da cidade, do setor público e do setor privado, de todo o Brasil,
que vêm sofrendo os efeitos de uma terceirização perversa, que se
agravará com a regulamentação do PL 4330/2004.
As Centrais lembram ainda a proposta que construíram unitariamente
para a regulamentação da terceirização, a qual foi consolidada em
um Projeto de Lei no ano de 2009 e encaminhada para o Governo
Federal. Contudo, o Projeto de Lei foi engavetado.
Diante deste cenário, reafirmamos a nossa proposta construída
unitariamente, manifestamos publicamente nossa posição
intransigente em defesa dos diretos e conquistas da classe
trabalhadora e contra a aprovação deste projeto que representará
uma verdadeira tragédia, legalizando a dinâmica de precarização das
relações de trabalho presente no mercado de trabalho brasileiro. Um
projeto de lei que garante “segurança jurídica às empresas” deve
também garantir “segurança social” aos trabalhadores e estar
assentado na isonomia de direitos, de salário e de tratamento dos
terceirizados.
Com informações da CUT/SP
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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