Companheiros motoristas e cobradores de Campinas em greve - Fotos: Greve Transporte 1984/Facebook
A histórica greve de 1984 dos trabalhadores em transportes de Campinas, interior paulista, está completando 35 anos em 2019. A década de 1980 foi um período de transformações e mobilizações, graças ao processo de redemocratização do país. As mobilizações no ABCD paulista lideradas por Luiz Inácio Lula da Silva indicaram qual o caminho os trabalhadores brasileiros deveriam seguir: o da luta e da resistência.
Diante desse cenário, em outubro de 1986, motoristas e cobradores nas empresas em transportes da cidade de Campinas, localizada a 96 km de São Paulo, aprovaram uma pauta de reivindicações com os seguintes pontos: redução da jornada de trabalho, pagamento integral da inflação (INPC), aumento real nos salários, fim dos pagamentos de batida (caso o trabalhador batesse o ônibus) e de assalto (o trabalhador tinha que repor do próprio bolso caso fosse assaltado), passe livre para os trabalhadores e uniforme gratuito. Após uma passeata no centro da cidade, que reuniu centenas de trabalhadores, o Sindicato dos Condutores entregou a pauta de reivindicações para as empresas de transportes.
Passeata no centro da
cidade
E a pressão patronal contra os trabalhadores veio logo em seguida. No dia 23 de outubro de 1986, sete companheiros na empresa Visca (Viação Santa Catarina) foram demitidos.
O Sindicato e os trabalhadores organizaram um movimento paredista em protesto contra essa medida intransigente dos empresários. Foram dois dias de paralisação no transporte municipal de Campinas e o resultado dessa luta foi a conquista de direitos históricos tais como: o pagamento de 100% do INPC nos salários e benefícios; mais 20% de aumento real; gratuidade no uniforme, passe livre para os trabalhadores e o não desconto nos salários em casos de vítimas de assalto e batidas nos ônibus.
Outras conquistas marcantes foram a criação de uma Comissão Salarial -- que garantiu estabilidade de seis meses aos trabalhadores participantes, sendo dois por empresas, e a reintegração dos motoristas e cobradores demitidos.
Trabalhadores em
transportes em Campinas param por dois dias
E as conquistas continuaram nos próximos anos. Em 1986, os trabalhadores elegeram a nova diretoria do Sindicato dos Condutores de Campinas, com mais de 80% dos votos, e o compromisso de filiação à Central Única dos Trabalhadores (CUT) para construir um Sindicato classista de luta e pela base.
Em 1989, os trabalhadores se uniram para a criação do Departamento Nacional dos Trabalhadores em Transportes da CUT (DNTT-CUT), que se consolidou, em 1994, na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes da CUT - que hoje ampliou sua representação se transformando na CNTTL.
Juarez, (segundo em
pé da esq à dir) e os companheiros no Sindicato dos
Condutores
Quem participou dessa marcante e combativa trajetória do movimento grevista dos trabalhadores em transportes campineiro foi o motorista e membro da Comissão Salarial de 1984, Juarez Bispo Mateus, que foi tesoureiro do Sindicato dos Condutores de Campinas e também um dos fundadores do DNTT-CUT e presidente da então CNTT.
Em entrevista exclusiva ao Portal CNTTL, Juarez, hoje aposentado, enfatiza que a organização dos trabalhadores foi uma das grandes lições da greve de 1984.
“Só a união se combate as injustiças do setor patronal, a omissão do poder público e a direção sindical pelega, que não representa os trabalhadores. A luta por democracia, liberdade, soberania, a solidariedade e o apoio dos movimentos populares e a população, também garantiram o sucesso da greve de 1984”.
Paralisação dos
trabalhadores no transporte de Campinas
Brasil pós-golpe e o governo Bolsonaro
Juarez também salienta que nos governo Lula e Dilma, os trabalhadores tiveram um momento histórico de pleno emprego, democracia, liberdade e avanços nas políticas públicas como na saúde com o Mais Médicos, farmácia popular, na educação com a criação de mais universidades públicas, Pronatec, ProUni e o Ciências sem Fronteiras, a política de valorização do salário mínimo, Minha Casa, Minha Vida, PAC da mobilidade l, 2, entre outros projetos.
“Após o Golpe contra a presidenta Dilma, sem provas de nenhum crime cometido, o governo Temer e seus aliados, começaram a destruir as políticas públicas construídas pelos governos Lula e Dilma. Alguns exemplos foram a aprovação da emenda 95, que congelou o orçamento por 20 anos, a aprovação da reforma trabalhista e a terceirização generalizada. Temer terminou o governo com a marca de corrupto e com a pior avaliação do governo pós-regime militar”, frisa.
Com o governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL), o sindicalista vê o país sem rumo e sem esperança. “Com oito meses do governo fascista, vemos a ação dos milicianos de Bolsonaro aniquilando áreas vitais como a saúde, educação, meio ambiente e os direitos dos trabalhadores. Ele tem praticado uma política econômica que só faz o desemprego crescer, privilegiando os interesses das elites nacionais dos banqueiros e do capital estrangeiro. Em pleno século 21, Bolsonaro é uma espécie a Átila, o Huno: quer destruir todas as conquistas civilizatórias, com uma agenda medieval que coloca em xeque a cidadania, a soberania nacional e os avanços que conquistamos em décadas”, explica.
Resistência e celebração dos 35 anos da greve de 1984
Para Juarez, os trabalhadores estão num momento que é necessária muita resistência contra os ataques do governo e o movimento sindical tem um papel fundamental nessa luta. “Temos que lutar pela democracia, soberania, e pela liberdade do companheiro Lula. Temos que nos engajar e apoiar as lutas dos movimentos sociais, sem terra, sem teto, mais educação, saúde, moradia, cultura, lazer, segurança pública. O movimento sindical precisar investir em formação de novos dirigentes, introduzir uma nova forma de comunicação e fazer uma organização de base, democrática e solidária”, finaliza.
Para comemorar a histórica greve de 1984 dos trabalhadores em transportes de Campinas, no dia 13 de setembro, será realizado um ciclo de debates com exposição fotográfica e exibição de documentário sobre esse importante movimento, que marcou os anos 80.
O presidente da CNTTL, Paulo João Estausia, Paulinho, vai prestigiar a homenagem, que será no Colégio Pio XII (Rua Boaventura do Amaral, 354), a partir das 19h.
A homenagem é organizada pelos companheiros Juarez Bispo, Osvaldo Rodrigues, Lucio Rodrigues, Alvino Faveli e Epídio de Souza.
35 anos da greve de 1984
Data: 13 de setembro – sexta-feira
Horário: 19h
Local: Colégio Pio XII - Rua Boaventura do Amaral, 354
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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