O papel das mulheres do transporte

Em artigo, a Secretária da Mulher da CNTT-CUT, Marlene Ruza, (foto) falou as resoluções da Conferência da Mulher da ITF, realizada em Londres.

Publicação: 28/02/2010

A globalização e o impacto da crise financeira mundial nos postos de trabalho, principalmente a sua interferência no da mulher, foram alguns dos principais temas da Conferência das Mulheres Trabalhadoras em Transportes da Federação Internacional de Trabalhadores em Transportes (ITF) – entidade que representa diversos setores de transportes tais como: aviação civil, ferroviários, rodoviários, marinha mercante, portuários, turismo, pesca e navegação interna. O evento, que aconteceu no período de 2 a 4 de fevereiro, em Londres reuniu 220 mulheres sindicalistas de 59 países filiados. Também participaram representantes da Confederação Sindical Internacional ( CSI ) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O Brasil foi representado pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) – sendo o único País representando a América Latina. O SNA tem participado destes eventos há muitos anos, através da FENTAC, Federação que é filiada à ITF - uma organização que tem mais de 100 anos, que começou como o apoio de um grupo de grevistas no porto de Liverpool. Já o departamento de Mulheres (e depois o Comitê) iniciou-se no Congresso de 1994 em Genebra.
Outros temas abordados na Conferência foram a organização das Mulheres Trabalhadoras em Transportes, Campanhas temáticas e o Desenvolvimento de aptidões para as sindicalistas e atividades de Gênero nas diferentes seções da ITF.
A experiência foi rica e interessante. Sem dúvida, foi muito importante que as entidades que representam as aeronautas estejam atentas aos movimentos internacionais. É necessário lembrar que assim como o chamado capital/economia se globaliza, também os trabalhadores devem ter a clareza que precisam estar também “globalizados” para que sobrevivam e avancem nas suas conquistas trabalhistas e sociais. Nos últimos anos, o Brasil cresceu de maneira expressiva, registrando quedas da taxa do desemprego e aumento do trabalho formal. A crise econômica mundial, que atingiu o mundo em 2009, afetou o nível de trabalho principalmente nos seus primeiros oito meses, depois estabilizou.
Mas não podemos esquecer que em relação ao setor da aviação civil, não tanto pela crise, pois o setor continua crescendo, mais pela inexistência de políticas governamentais claras, pressões enormes das companhias internacionais em entrar no mercado brasileiro com suas políticas de céus abertos e cabotagem, antigas companhias faliram, novas surgiram com uma nova proposta de mercado, afetando os trabalhadores.
Alguns dos principais encaminhamentos da Conferência foi o compromisso de enfrentar os efeitos nefastos da globalização, a mudança climática, bem como fortalecer os sindicatos para que possam responder a estes desafios. O programa “Deixando marcas: as mulheres trabalhadoras no transporte do século XXI” da ITF” também definiu a importância dos sindicatos intensificarem as sindicalização juntos aos trabalhadores, jovens, informais e mulheres. O Departamento da Mulher da ITF também dará prioridade à formação das mulheres para atuem no movimento sindical. A ITF reafirmou seu compromisso de colaborar com as mulheres trabalhadoras em transportes para continuar organizando-as em defesa dos seus direitos nos locais de trabalho, potencializando as negociações coletivas e combatendo a exploração e a discriminação no mercado de trabalho. Sempre é bom lembrar que o Sindicato não é somente uma estrutura física localizada em determinado lugar, mas, principalmente, a união de todos os trabalhadores e trabalhadoras. Como se observa o papel de cada mulher e jovem é essencial para se vencer os obstáculos.

*Marlene Ruza é Secretária da Mulher da CNTT-CUT e diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) – No período de 2 a 4 de fevereiro participou da Conferência das Mulheres Trabalhadoras em Transportes da Federação Internacional de Trabalhadores em Transportes (ITF), em Londres.

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