“Sempre admirei como uma máquina tão pesada poderia voar”

O Portal da CNTT entrevistou a aviadora e comandante Tereza Paz. Uma das suas paixões é voar!

Publicação: 28/02/2010

O Espaço Mulher do Portal da CNTT-CUT continua a séria: As trabalhadoras do transporte. No mês da mulher, março, o Portal da CNTT entrevistou a aviadora e comandante, Tereza Paz, 47, (foto) que trabalha na companhia área Trip. Formada em Comunicação em Artes, as grandes paixões de Tereza são as filhas Natalia (12), Mikaela (8), o marido e pilotar.
Em entrevista à CNTT, a comandante, que pilota há 29 anos, fala da carreira, como concilia a vida pessoal com a profissão e aconselha as demais mulheres que também sonhar em voar.

CNTT-CUT O que lhe motivou a escolha desta profissão?

Tereza Paz: Sempre admirei como uma máquina tão pesada poderia voar – no começo, foi só curiosidade mesmo. Quando eu era pequena, eu pedia aos meus pais pra tomar café no aeroporto só pra ver os aviões. Antes de atuar na área de pilotagem, eu dava aula de artes no Colégio Pueri Domus (por 13 anos) e o dinheiro que eu recebia eu pagava o curso de pilotagem, que é muito caro. Nesse meio tempo, eu fiz o curso teórico de quatro meses no Aeroclube de São Paulo. Aos 18 anos, eu consegui tirar o brevê (habilitação para pequenos aviões). Parei de voar por cinco anos para conseguir juntar o dinheiro dos cursos “Piloto Comercial” e “Vôo Multimotor”, pelo quais eu poderia começar a trabalhar em grandes empresas aéreas. Aos 26 anos eu estava com todas as habilitações necessárias para trabalhar na área. Comecei no ano seguinte como instrutora no Aeroclube. Aos 32 anos entrei na primeira empresa aérea (TAM), onde trabalhei por um ano. Logo após, conheci meu marido, que era da Varig Rio Sul, companhia que eu entrei para ficar mais perto dele e também porque podíamos escolher as mesmas folgas e pegar as mesmas escalas. Trabalhamos na companhia por dez anos, até falir. Hoje, eu trabalho na Trip e ele na Gol – ambos como comandantes. Normalmente, a empresa contrata primeiro como co-piloto, para depois se tornar piloto. Na Varig, por exemplo, eu fiquei como co-piloto por três anos, o restante como piloto.

CNTT-CUT Como você e seu marido conseguem conciliar o casamento e a carreira?

Tereza: A escala é mensal, e nós ficamos sabendo com um mês de antecedência os nossos destinos. Então sempre damos um jeito de nos encontrar. Uma vez, conseguimos comandar um voo juntos, algo impossível, já que nós dois somos comandantes. Foi um dia que me marcou muito. Ele foi como comandante e eu como co-piloto, já que o co-piloto dele estava doente e não pode voar. Em empresas aéreas tenho 15 anos de profissão, mas piloto há 29 anos.

CNTT-CUT- Já sofreu algum preconceito por ser mulher? Conte para a gente como foi o episódio.

Tereza: Preconceito não, mas como na companhia Rio Sul só tinha co-piloto mulher, quando eu fazia o voo, a tripulação ficava totalmente feminina, daí uma vez aconteceu um episódio engraçado no qual um passageiro brincou: “Quer dizer que hoje nós vamos voar literalmente nas mãos das mulheres?” (risos)

CNTT-CUT - Quais foram as dificuldades para exercer a profissão?

Tereza: A aviação vai bem quando a economia vai bem. Pelo lado pessoal, a dificuldade é o fato de passar algum tempo longe das minhas filhas (Natalia, 12 anos e Mikaela, 8). Quando eu digo a elas que vou sair por alguns dias, choramos. Mas como mãe, eu planejo tudo antes: quando elas têm algum aniversário para ir, por exemplo, compro o presente junto com elas.

CNTT-CUT - Para as mulheres que sonham em pilotar um avião, qual é o seu conselho?

Tereza: Por mais que seja uma área dominada pelos homens, não desista, vá atrás do seu sonho!

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