O Portal da CNTT-CUT
divulga nota oficial da Central Única dos Trabalhadores e da
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da
CUT (Contracs) sobre a declaração do jornalista Bóris Casoy em
relação aos garis.
É perfeitamente compreensível o ódio de uma
parte da elite em relação aos trabalhadores por ela considerados
subalternos, particularmente quando estes conquistam cidadania e
direitos universais como o voto e a educação. A conquista da
cidadania pelos mais pobres perturba essa elite que se diz
formadora da opinião das camadas populares.
Para os autodenominados formadores de
opinião, o razoável é que o trabalhador ou trabalhadora,
particularmente aqueles que realizam tarefas manuais, se coloquem
em “seu devido lugar”, portanto, garis varrendo ruas e não
dirigindo mensagens de confraternização na celebração do novo ano.
Afinal, não é qualquer um que pode pronunciar mensagens ao público
em geral, essa é a função dos mais preparados, ou seja, da elite
pensante.
O operador de som, sem saber, prestou um
grande serviço público ao mostrar a verdadeira face do
conservadorismo do país, com seu autoritarismo, preconceito e ódio
em relação aos trabalhadores pobres que varrem ruas, servem café ou
limpam seu ambiente de trabalho e sua casa.
Para eles, um pobre, um semi-escolarizado,
será sempre um subalterno dos degraus mais baixos da sociedade,
mesmo que se torne Presidente da República, tal como pode ser
percebido nas recorrentes demonstrações de desrespeito ao
presidente que fala como o povo e se encontra com catadores de
papel para celebrar o Natal, um absurdo, uma verdadeira “vergonha
nacional”.
Para a Central Única dos Trabalhadores,
tanto os garis quanto as copeiras das redações dos jornais,
repartições públicas e de multinacionais não podem permanecer na
invisibilidade, pelo menos aos olhos do conjunto da sociedade
civil. A plena cidadania desses trabalhadores implica o
reconhecimento da importância do seu trabalho e, sobretudo, do seu
conhecimento prático e social no interior da sua comunidade, como
membro da sociedade, como pai ou mãe que educa seus filhos, que
constrói a cidade e a cultura.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores no
Comércio e Serviços (CONTRACS/CUT) como representante da categoria
considera ultrajante o ato e repudia as declarações do jornalista
Boris Casoy. E destaca que a categoria é de grande importância
social para toda a sociedade, incluindo o próprio
jornalista.
A herança da Casa Grande, presente no
preconceito nosso de todos os dias precisa ser extirpada das
redações de jornais, dos órgãos e repartições públicas e,
sobretudo, das relações de trabalho. Portanto, não há por que fazer
concessões a esse “ato falho” do jornalista Boris Casoy. Afinal, se
queremos a superação das desigualdades sociais no Brasil é preciso
parar de empurrar o lixo para debaixo do tapete.
O episódio com os garis é uma boa
oportunidade para que os “socialmente invisíveis” se tornem
visíveis aos olhos do conjunto da sociedade. Assim, toda
manifestação de indignação e repúdio ao ódio e preconceito dessa
parcela da elite é uma prática civilizatória.
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