O
presidente da CPTM, Mauro Manoel Seabra Bandeira, admite que
ignorou as denúncias de fraude em licitação de trens realizada pela
empresa de origem japonesa Mitsui, sobre a compra de 12 trens, por
meio de aditivo ao contrato firmado há 10 anos. A declaração foi
feita na audiência da Comissão de Infraestrutura da Assembleia,
presidida por Alencar Santana Braga.
O contrato original foi firmado em 1995 e prorrogado em 2005, ao
custo de R$ 223 milhões. O petista João Paulo Rillo citou que o TCE
– Tribunal de Contas do Estado - julgou irregular o
superfaturamento de R$ 34 milhões e perguntou se governador havia
autorizado o aditamento, questão sumariamente ignorada por
Seabra.
Antes dos trabalhos deslancharem, assim como ocorreu na audiência
com o presidente do Metrô na semana passada, os deputados da base
do governador Alckmin tentaram por diversas vezes derrubar a
audiência, alegando questão regimental na sustentação da manobra
para poupar ao presidente da estatal de questionamentos. Fato
veemente contestado pelo petista Antonio Mentor, que chegou a
classificar de "operação mordaça" a ação dos governistas.
A concorrida sessão da Comissão de Infraestrutura, na quartafeira,
dia 11, contou com a presença de 12 deputados do PT, que cobraram
respostas sobre o período da atuação do Cartel que fraudou
licitações da CPTM e do Metrô, no entanto Seabra, abrigado na
blindagem da base sustentação do governador Alckmin, por diversas
vezes foi evasivo ou ignorou a indagação.
Questões de como o Cartel agiu por tanto tempo no Estado, sem ser
notado, foi colocada por Gerson Bittencourt. Atrasos nas obras de
modernização e ampliação da rede da CPTM foi cobrado por Enio
Tatto, que citou o trem de Varginha, aguardado há duas décadas pela
população paulista, e o deputado Luiz Moura falou sobre as panes e
superlotação das linhas da Zona Leste da capital, na região de
Guaianases, e cobrou a estação Suzano da CPTM.
O prejuízo de R$ 307 milhões na licitação, ocorrida este ano, para
compra de 65 trens no valor de R$ 1,8 bilhão foi mencionada por
Adriano Diogo, que leu matéria publica pelo site Viomundo, que
mostra que a compra foi feita em dois lotes. No primeiro lote, cada
trem saiu por R$ 28,8 milhões. No segundo, por R$ 26,2 milhões.
Portanto, a CPTM pagará para cada trem do lote 2, R$ 2,6 milhões a
mais. Esta e várias outras questões não foram respondidas pelo
presidente da CPTM, que criticou e contestou matérias publicadas
pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S.Paulo.
Boa viagem
O Projeto Boa Viagem diz respeito a reformas de trens que custaram
aproximadamente R$ 400 milhões e se refere a quatro licitações com
11 lotes. Segundo matérias publicadas pela imprensa, a Siemens já
sabia que iria ganhar o certame dois dias antes da publicação do
edital.
A petista Beth Sahão lançou as seguintes questões ao presidente da
CPTM: “O senhor presidente da CPTM na época não tomou conhecimento
destes fatos? Pra que a ação do cartel ocorresse em uma licitação
tão complexa não era necessária a ajuda de servidores públicos para
o plano do cartel desse certo? Quem eram os membros da comissão de
julgamento destas licitações e os responsáveis pelo edital e pela
execução destes contratos?". Seabra mais uma vez saiu pela tangente
e não respondeu a deputada.
Vislumbrar o Cartel
Seabra alega que não teve sensibilidade para perceber o Cartel e
disse que não o vislumbrou, ao responder a questão levantada por
vários deputados do PT na audiência.
Quanto à permanência das empresas denunciadas de formação de Cartel
nos atuais contratos com o governo Alckmin, o presidente da CPTM
disse que não havia impedimento legal para não manter os
contratos.
Segundo Manoel Bandeira, o cronograma de modernização e manutenção
é realizada em média em duas horas e meia no período da noite, por
conta da locação do sistema da CPTM para transporte de carga.
Enio Tatto foi enfático na cobrança de informações sobre as
sindicâncias realizadas pela CPTM, quanto às denúncias de
irregularidades ele apontou que a Assembleia paulista tem sido
omissa em seu papel de fiscalizar as ações do governo do
Estado.
Participaram também da audiência os deputados petistas Edinho
Silva, Marcos Martins, Geraldo Cruz e Ana Perugini.
O líder da Bancada, deputado Luiz Claudio Marcolino, além de
representar a Bancada na reunião do colégio de líderes, permaneceu
em plenário para evitar a manobra que poderia encerrar a audiência
e impedir que o presidente da CPTM fosse inquirido pelos
deputados.
Com
informações do PT na Alesp
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