Os trabalhadores
foram às ruas em todo o Brasil na quinta-feira, dia 18, para
relembrar ao governo federal e ao Congresso Nacional sobre a pauta
da classe trabalhadora ainda travada no Executivo e no
Legislativo.
Em São Paulo, a manifestação ocorreu no centro da cidade e o
presidente da CUT, Vagner Freitas, apontou novamente o
descontentamento com a falta de diálogo. “Desde que fomos até
Brasília não aconteceu nada. Só receber pauta e não abrir
negociação não resolve nada. Presidenta Dilma, vamos orientar os
ministros a abrir negociação. Volto à pergunta: se pode ter
desenvolvimento para vários setores da economia, porque não pode
ter redução da jornada, reforma agrária, fim do fator
previdenciário e 10% do PIB para a educação?”, questionou
Freitas.
Como outros dirigentes presentes na mobilização, ele destacou a
necessidade de barrar o substitutivo do deputado Roberto Santiago
(PSD-SP) ao Projeto de Lei (PL) 4320/2004, de Sandro Mabel
(PMDB-GO), que amplia a terceirização e torna a precarização das
relações trabalhistas um grande negócio para o patrão. “Em 2013,
quando comemoramos os 70 anos da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), esse PL arrebenta com o direito de organização dos
trabalhadores e vai transformar todos em pessoa jurídica ou
prestador de serviço. Vamos nos reunir com a bancada de todos os
partidos para deixar claro que denunciaremos e mostraremos a cara
de cada parlamentar que votar a favor desse projeto, pedindo a cada
trabalhador que não vote neles em 2014”, alertou.
Em sua intervenção, o dirigente criticou ainda a decisão do Banco
Central em aumentar em 0,25% a Taxa Selic, decisão que favorece
apenas aos banqueiros, ressaltou. “Ontem dia 17, o Comitê de
Política Monetária (Copom) de o péssimo sinal de que o Brasil
continua sendo mandado por banqueiros e especuladores. Porque
inflação não se controla aumentando juros, isso já foi feito e não
deu certo. Inflação se controla com crescimento da economia e
investimento no mercado interno.”
Por fim, ele lembrou que, a partir de agora, os trabalhadores
adotarão postura cada vez mais incisiva. “Vamos fazer o que sempre
fizemos: se não dialogar, partiremos para o enfrentamento.”
Unidade
Além de dirigentes da CUT, representantes da UGT e da CGTB também
marcaram presença na atividade.
Diretor de Relações Sindicais do Sindicato dos Comerciários,
filiado à UGT, citou durante a intervenção dois pontos presentes na
pauta de reivindicações das centrais: a redução da jornada para 40
horas semanais sem redução de salário e a ratificação da convenção
158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que coíbe a
demissão imotivada. “Para nós, comerciários, a jornada é de 52
horas semanais e, além disso, o patrão não está preocupado em
respeitar o que conquistamos para a categoria, mas em fazer
demissão em massa. Por isso vamos às ruas enquanto não arrancarmos
essas conquistas”.
Presidente da CGTB, Paulo Sabóia, comentou ainda os interesses que
estão por trás da pressão exercida por setores conservadores para
barrar os avanços da classe trabalhadora. “O Estado brasileiro está
sendo atacado. A herança maldita do neoliberalismo, responsável por
deixar para nós retrocessos como o fator previdenciário, também nos
brindou com um lei de petróleo que entrega ao capital estrangeiro
nosso patrimônio. Dia 15 de maio teremos novo leilão de
privatização de nossa riqueza e querem entregar de 30 a 40 bilhões
de barris através de leilão. Não podemos permitir, assim como não
podemos permitir que a MP dos Portos e a concessão dos aeroportos
avance, porque são setores estratégicos de escoamento da nossa
produção. É hora de mobilizarmos em conjunto para defendermos a
pátria e a economia nacional”, disse.
Cutistas lutadores
Enquanto o presidente da CUT-SP, Adi Lima, lembrou dos prejuízos
que as extensas jornadas causam à qualidade de vida do trabalhador
e ressaltou a importância de o movimento sindical manter o diálogo
com a população, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São
Paulo, Osasco e Região, Juvândia Leite, defendeu que a classe
trabalhadora não aceitará retrocesso em seus direitos.
Já o representante do funcionalismo municipal, categoria em
campanha salarial, o secretário de Políticas Sociais da CUT-SP,
João Batista Gomes, falou sobre a ratificação da convenção 151 da
OIT, que trata da negociação com o funcionalismo.
“Não temos explicitado o direito à negociação coletiva, temos que
ir à greve para, ao menos, sentar e negociar com o governo. A
presidenta Dilma assinou decreto para começar a tramitar na Câmara
a ratificação, porém, queremos ver avançar na prática”, comentou,
lembrando, por fim, da paralisação que o Sindicato dos Professores
de São Paulo (Apeoesp) fará a partir desta sexta, dia 19, para
cobrar reajuste salarial.
Com informações da CUT
Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran
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