Paris: Dilma e Lula recebem tratamento digno de grandes chefes de Estado

Os políticos franceses demonstraram grande interesse no modelo político-econômico aplicado no Brasil.


Publicação: 17/12/2012
Imagem de Paris: Dilma e Lula recebem tratamento digno de grandes chefes de Estado

A presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula passaram por Paris com o desembaraço das lideranças vitoriosas, recebidos com entusiasmo e, no caso da presidenta, com as mesuras reservadas somente aos grandes chefes de Estado. Referências à campanha midiática movida no Brasil na tentativa de criar problemas na perspectiva das eleições de 2014 só houve por parte dos jornalistas brasileiros chamados para cobrir a visita.
Lula foi visto como o primeiro presidente brasileiro empenhado na aplicação de uma política econômica e social capaz de resgatar muitos brasileiros de séculos de miséria e também como herói do sindicalismo em uma França onde os sindicatos já exerceram um papel bem mais significativo do que se dá hoje. E Dilma apareceu como sua digna sucessora, a superar inclusive as expectativas com seu comportamento composto e atilado. O nome de Marcos Valério nem sequer foi murmurado à margem de cerimônias e debates, tampouco o pedido de demissão do ministro Guido Mantega, formulado pela The Economist, pareceu comover autoridades e jornalistas franceses.
Ao lado da presidenta Dilma Rousseff, o presidente francês, François Hollande, já no final de seu discurso para saudar os convidados ao jantar de gala no suntuoso Palácio do Élysée, anunciou na terça-feira, dia 11, a ampliação de várias cooperações, "como na área de defesa, embora não em relação aos aviões”. Hollande, simpático e acessível, estampou um sorriso de Mona Lisa. O presidente referia-se, não sem alguma ironia, à decisão brasileira de adiar a compra de 36 caças Rafale da francesa Dassault. Mas a plateia riu.
Foi a primeira visita de Estado de Dilma à França. Com a presidenta vieram ministros, como o da Fazenda, Guido Mantega, cuja demissão foi solicitada candidamente pela The Economist. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também marcou presença no Fórum pelo Progresso Social – O Crescimento como Saída para a Crise, organizado pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean-Jaurès. Seu discurso final foi muito ovacionado.
Além de ter acontecido uma importante, e esperada, aproximação entre chefes de Estado de esquerda de dois países importantes na geopolítica global, os franceses queriam aprender com a experiência brasileira. Ao contrário do Brasil, que ainda deverá crescer 4% em 2013, como sustenta Guido Mantega, a França entrou em uma recessão. E vale a seguinte observação: os franceses mostraram modéstia no seu interesse pelo modelo econômico brasileiro, enquanto houve empresários brasileiros presentes em Paris inclinados à esperança.

Situação francesa

Hollande venceu as eleições presidenciais seis meses atrás, em grande parte, ao prometer “crescimento”, palavra-chave de sua campanha. Ele disse que não executaria somente medidas de austeridade impostas pela Europa nortista onde Hollande e os líderes de outros países do Sul são vistos amiúde como incompetentes. Tablóides sensacionalistas dizem que os europeus do Norte têm de pagar pela “preguiça” dos sulistas.
Felizmente, há gente sensata no chamado Sul, declarou no seu discurso na Fundação Jean-Jaurès o ministro francês da Economia e Finanças, Pierre Moscovici: “É preciso incentivar o crescimento, embora ajustes sejam necessários. O déficit de solidariedade (entre os 17 países da Zona do Euro) explica a crise. Nesses últimos anos falou-se somente em austeridade”. Para Moscovici, as políticas econômicas similares da França e do Brasil aproximam os dois países.
Hollande é um parceiro importante para o Brasil. No discurso do jantar de gala no Élysée, o presidente repetiu que apoia a presença do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). E acentuou ser importante a iniciativa dos institutos brasileiro e francês na realização do foro sobre crescimento. De fato, parece haver uma sintonia fina entre o convite à Dilma a Paris e a aproximação dos think tanks.

Recepção grandiosa

De todo modo, maior pompa para a recepção de um chefe de Estado parece impossível. Nem Muammar Kaddafi, quando ainda era amigo de Nicolas Sarkozy, e trazia para a Capital das Luzes suas guarda-costas amazonas, cavalos e a costumeira tenda beduína, foi tratado de tal forma. Nessas 48 horas em que Dilma Rousseff esteve em Paris, entre os dias 11 e 12, foram vistas bandeiras brasileiras ao lado de francesas Paris afora, inclusive no desfile nos Champs-Élysées em homenagem à presidenta.
É bom lembrar que o Brasil deslumbra a França desde sempre. Na capa da revista Challenges, Dilma surge dando um adeus com a mão direita, sorriso nos lábios. Abaixo lemos, em maiúsculas: “Brasil: O País Onde É Preciso Estar”. E qual o motivo? No início do especial de 17 páginas, os franceses aprendem que 500 helicópteros sobrevoam São Paulo, uma megalópole de 20 milhões de habitantes, para evitar o trânsito. Isso é visto como sinal de progresso, são equívocos derivados de deslumbre. Paris, em lugar dos helicópteros, oferece a qualquer cidadão a possibilidade de, mediante um cartão, alugar pelas ruas um carro elétrico pelo mínimo de uma hora. Sem falar de bicicletas, e, provavelmente, do melhor sistema de transportes do mundo.
A Challenges impressiona-se, ainda, com a Rua Oscar Freire, em São Paulo, e, em particular, com uma loja de 300 metros quadrados que vende sandálias Havaianas. A publicação diz que a Oscar Freire é a Avenue Montaigne. É preciso ver a esplêndida rua parisiense para compreender como a comparação é, no mínimo, grotesca. O motivo, segundo a Challenges, do sucesso de São Paulo? Seu tamanho, responde um banqueiro. Seu clima. Seus recursos naturais: ferro, petróleo, ouro, alumínio e, é óbvio, soja. E lá em Sampa tem sol. Impressiona a facilidade com que o mito Brasil faz sucesso, especialmente na França. A Challenges não fala do poder do crime organizado, de favelas, do trânsito caótico, da carência de transporte público.
Em compensação, a revista traça um perfil correto da presidenta, a começar pela descrição de uma moça de 22 anos “bonita, magra e cansada”. A foto que ilustra o texto remonta a 1970 e mostra uma Dilma que acaba de sair da masmorra da ditadura. E a Challenges registra: passou três anos na cadeia e foi torturada “sem denunciar nenhum companheiro guerrilheiro”.
A revista percorre seu currículo até a Presidência, louva a atual política econômica do seu governo e acentua ao cabo que o nível de desemprego nunca esteve tão baixo. Se em relação a São Paulo, a Challenges está longe de expor toda a realidade, o perfil de Dilma é fidedigno. E em Paris ela surpreendeu pela energia exibida no cumprimento de uma agenda intensa e também pela precisão e clareza com que expôs seus propósitos de expandir a competitividade do Brasil, resolver questões de infraestrutura e reduzir o custo de produção.
Impressionou ainda a firmeza com que revidou a The Economist com seu pedido de demissão de Mantega e sua equipe. A queda dos preços das commodities e famílias endividadas seriam, segundo a revista britânica, os entraves maiores para a economia brasileira. A demissão de Mantega daria a Dilma a confiança da chamada “comunidade internacional”, segundo o semanário inglês.
Lula fechou a noite com um primoroso discurso final na Fundação Jean-Jaurès. Humor não faltou. “Não estou acostumado a ter medo”, disse o ex-presidente. “Durante a minha vida vivi em crise. Sou de uma geração que se até os 5 anos de idade não morreu de fome foi milagre.” “Um jornalista, por exemplo – sublinhou – pode escolher sua profissão. Um metalúrgico não escolhe nada: ele vira metalúrgico para sobreviver.”

Com informações da Carta Capital



Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran

Redação CNTTL
Mídia Consulte Comunicação &Marketing 

Editora e Assessora de Imprensa: Viviane Barbosa MTB 28121
WhatsApp: 55 + (11) 9+6948-7450
Assessoria de Tecnologia da Informação e Website: Egberto Lima
E-mail: viviane@midiaconsulte.com
Redação: jornalismo@midiaconsulte.com



Siga a CNTTL nas redes sociais:
www.facebook.com/cnttloficial
www.twitter.com/cnttloficial
www.youtube.com/cnttl

Mídia

Filiados

Cobertura Especial

Canal CNTTL

+ Vídeos

Parceiros

Boletim Online

Nome:
Email: