As mulheres nos 25 anos da CUT

O portal da CNTT-CUT, em nome de toda a sua Direção, parabeniza todas as mulheres do transporte do Brasil


Publicação: 06/03/2008
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No próximo dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Para contar a trajetória no movimento sindical o Portal Mundo do Trabalho entrevistou as mulheres que passaram pela CUT nesses 25 anos. A CNTT-CUT reproduz a seguir a entrevista ao Portal da CUT da assistente social e uma das fundadoras da Comissão Nacional Sobre a Mulher Trabalhadora da CUT (1998-1993), Didice Delgado. Leia seguir:  

 Como foi a experiência de participar do processo de construção?

Didice - Foi uma experiência marcante para todas nós, pois estávamos abrindo um lugar para as mulheres trabalhadoras como sujeito político dentro de uma central sindical de cuja construção participamos e da qual nos orgulhávamos. Estávamos duplamente fazendo história. Ao mesmo tempo, o sindicalismo sempre foi um espaço de predomínio masculino: embora a CUT representasse um setor aberto, moderno e progressista, sua direção era de homens e não tomou a iniciativa, espontaneamente, de integrar de forma ativa as mulheres. Portanto, estávamos lutando por esse espaço.Também foi uma experiência maravilhosa de construção de solidariedade e cumplicidade entre várias mulheres em busca de um objetivo comum. Sem desconhecer as diferenças entre nós, havia uma força que nos unia e fomos aprendendo juntas a construir um trabalho conjunto. Ao encontrar-nos várias de nós, em 2006, para festejar 20 anos dessa organização – convocadas pela saudosa, sempre presente, Maria Ednalva Bezerra de Lima, que era a titular da SNMT e participou desde o começo dessa história – revivemos aqueles momentos e também reconhecemos e valorizamos a capacidade que tivemos de não ceder nunca diante das dificuldades, de manter presente e firme o objetivo comum, de lutar para conquistar nosso empoderamento e autonomia como mulheres trabalhadoras e sindicalistas dentro da CUT.É uma felicidade pessoal e política constatar que a organização das mulheres na CUT manteve esta orientação ao longo do tempo, se expandiu e se consolidou na Central e tornou-se referência para o sindicalismo brasileiro e internacional.  

Portal Mundo do Trabalho -  Como o movimento sindical contribui para a organização das mulheres?Didice - A CUT é parte da organização geral das mulheres no Brasil: desde a criação da então CNMT a Central participa das lutas do movimento de mulheres. É uma dinâmica reciprocamente enriquecedora, pois cada setor organizado de mulheres – as sindicalistas e o movimento autônomo – aprende do outro. Também se fortalece a solidariedade entre as mulheres e se desenvolvem formas de atuação conjuntas que são fundamentais para aumentar a capacidade de êxito das lutas. Sabemos que há uma conexão direta entre trabalho produtivo e reprodutivo e que as relações de gênero desiguais se reproduzem em todos os espaços da sociedade, com diferentes matizes. Por isso o diálogo e as alianças entre as mulheres que estão em espaços organizativos distintos são estratégicos para todas nós. 

Portal Mundo do Trabalho -  Que conquistas você considera significativas?Didice - A criação da então Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora, em 1986, foi a primeira grande conquista, por ter sido formada com um caráter inovador dentro do sindicalismo brasileiro e latino-americano, à época, comparativamente a outras experiências. Não buscávamos um lugar benevolente para as sindicalistas. Reivindicávamos que a CUT entendesse o caráter particular da subordinação das mulheres na sociedade e que esta não se esgotava na exploração de classe.  Não há dúvida de que a conquista da cota mínima de 30% de mulheres nas direções, há 15 anos, foi a mais significativa do ponto de vista da presença e incidência das mulheres na CUT. E, posteriormente, o processo de colocar em prática essa resolução, fazê-la cumprir. Para a CUT em geral foi um aprendizado sobre as relações de gênero, que são relações de poder, e sobre a convicção das mulheres quanto ao nosso direito de sair de um lugar subordinado e incidir nas decisões da sociedade em todos os seus âmbitos. A presença de mais mulheres nas suas instâncias de direção mudou a cara da CUT. 

Portal Mundo do Trabalho -  Que avaliação você faz da atual Secretaria sobre a Mulher Trabalhadora da CUT?Didice - Impossível falar da Secretaria atual sem um nó na garganta, pois ainda estamos sob o impacto terrível da perda da Maria Ednalva, que conduziu o trabalho por tantos anos, inclusive a transição da Comissão à Secretaria. Na sua longa gestão, que ficou inacabada, estruturou-se uma rede nacional, formada pela SNMT, as secretarias das CUTs estaduais e das organizações por ramos, que mostra a extensão e consolidação da política de organização das mulheres e da política de gênero na Central. Também se destaca a CUT como interlocutora de peso nos processos de discussão e construção de políticas públicas relativas às mulheres, no país, tanto junto às demais organizações da sociedade civil como ao Estado.A CUT conquistou reconhecimento e respeito nas instâncias de organização das mulheres do sindicalismo internacional, contribui efetivamente para a construção das propostas de políticas de gênero e para o fortalecimento da organização e representação das mulheres.As companheiras da SNMT mantêm a inquietação téorica sobre as relações de gênero, e o feminismo como alimento para a construção das políticas sindicais. Fortaleceram-se e ampliaram-se os vínculos com as pesquisadoras e militantes feministas – existentes e valorizados desde a fase de construção da proposta da CNMT – e o intercâmbio entre a elaboração científica e a prática política.  

Portal Mundo do Trabalho -  O que você considera como um grande desafio?Didice - A meu ver, há dois desafios principais. Um deles é incorporar a perspectiva de gênero definitivamente e de maneira sustentada ao desenho e implementação de todas as políticas da Central. Isto significa a CUT toda –dirigentes e assessorias- passar a tomar como imprescindível a pergunta sobre os impactos de cada problema/tema sobre homens e mulheres e quais as políticas correspondentes a serem traçadas. O desafio é que se torne uma das diretrizes principais, obrigatórias, da formulação política da Central. Acho que estamos longe disso. Estou falando de uma estratégia que se convencionou chamar “transversalidade de gênero” (cuja denominação original, em inglês, é “Gender Mainstreaming)” e a SNMT já realizou seminários a respeito. O outro grande desafio é influenciar e acompanhar ainda mais os sindicatos e o cotidiano da vida sindical. Em um seminário da SEMT-SP, ano passado, as sindicalistas denunciavam discriminações às mulheres e barreiras a sua organização que continuam a se reproduzir nos sindicatos e que, a essa altura dos avanços que se conseguiu na CUT, poderíamos pensar que são coisa do passado. Infelizmente, não. Isso é um absurdo. É preciso criar mecanismos de acompanhamento dos sindicatos e demais organizações sindicais para impedir que se sigam reproduzindo comportamentos, atitudes e práticas das direções e militantes que contrariam as deliberações cutistas no que se refere às mulheres e à política de gênero. 

Portal Mundo do Trabalho -  Qual sua função atual?

Didice - Trabalho de forma independente prestando assessorias sobre temas de gênero a diferentes organizações. Sou integrante da rede feminista CLADEM – Comitê da América Latina e o Caribe para a Defesa dos Direitos das Mulheres, que tem representação em 17 países da região. Participei da rede no Uruguai até agora e a partir de fevereiro me integrei a ela na Argentina, para onde acabo de mudar-me.  

Fonte: CUT Nacional  

 



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