A edição nº 72
da Revista do Brasil destaca a relação do dono da Editora Abril,
Roberto Civita, com o contraventor Carlinhos Cachoeira, chefe de
uma organização criminosa, suspeito de chefiar jornalistas e
políticos. As denúncias estão sendo investigadas pela Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Senado Federal. Confira um
trecho da matéria:
Sob suspeita
De narradora
dos acontecimentos a revista semanal da Ed. Abril tornou-se
personagem, revelando um envolvimento nunca visto de forma tão
escancarada na cena política brasileira. Gravações feitas pela
Polícia Federal, com autorização da Justiça, não deixam dúvidas. O
contraventor Carlinhos Cachoeira era mais do que fonte de
informações.
Seu relacionamento com o diretor da
sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Junior, permitia a ele
sugerir até a seção da revista em que determinadas notas de seu
interesse deveriam ser estampadas. O pouco que se revelou até aqui
permite concluir que a publicação tornou-se instrumento de
Cachoeira para remover do governo obstáculos aos seus
objetivos.
Um desses entraves estaria no
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do
Ministério dos Transportes, e dificultava a atuação da Delta
Construções, empresa que teria fortes ligações com o
contraventor.
Segundo o jornalista Luis Nassif, a
matéria da Veja sobre o Dnit saiu em 3 de junho de 2011. “A
diretoria estava atrapalhando os negócios da Delta. Foi o mesmo
modo de operação do episódio dos Correios –que daria origem ao
chamado “mensalão”. Cachoeira dava os dados, Veja publicava e
desalojava os adversários de Cachoeira.” Com isso cumpria também os
objetivos de situar-se como vigilante de desmandos e fustigar os
governos Lula e Dilma, pelos quais nunca demonstrou simpatia
alguma.
A proximidade do diretor da sucursal
de Brasília com Cachoeira, e deste com o senador Demóstenes Torres
(ex-DEM-GO), sempre elogiado por Veja, veio a calhar. Até surgirem
as gravações da Polícia Federal levando a revista a um recolhimento
político só quebrado em defesas tíbias de seu funcionário e do que
ela chama de “liberdade de imprensa”.
Veja diz-se
“enganada pela fonte”, argumento desmentido pelo delegado federal
Matheus Mella Rodrigues, coordenador da Operação Monte Carlo. O
policial mostrou que o jornalista Policarpo Junior sabia das
relações de Demóstenes com Cachoeira, mas nunca as denunciou,
protegendo “meliantes”, como resumiu com propriedade a revista
CartaCapital.
Livre, pero no mucho
Segundo
Veja, a “liberdade de imprensa” estaria ameaçada se o jornalista,
ou seu patrão Roberto Civita, fosse chamado a depor na Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) aberta no Congresso Nacional
para investigar o caso. Mas, na mesma edição em que supostamente
põe o direito à informação acima de tudo, clama por um controle
planetário da internet, agastada com a circulação de informações
sobre seus descaminhos na rede. A internet foi o principal meio de
exposição dos detalhes da suspeita relação
Cachoeira-Demóstenes-Veja, e uma enxurrada de expressões nada
elogiosas levaram a revista ao topo dos assuntos mais mencionados
no Twitter.
Os principais veículos de alcance
nacional silenciaram ou apoiaram a relação – exceção feita à Rede
Record e à revista CartaCapital. Alguns, como O Globo, não
titubearam em tomar as dores da Editora Abril. Por um de seus
colunistas, Merval Pereira, o jornal isentou a revista de
responsabilidades. Depois, em editorial, reagiu à comparação feita
por CartaCapital entre o dono da Editora Abril e o magnata Rupert
Murdoch, punido pela Justiça britânica pelo mau uso de seus
veículos de comunicação no Reino Unido.
A Folha de
S.Paulo, também em editorial, aliou-se a Veja. Mas sua ombudsman,
Suzana Singer, que tem a incumbência de criticar o desempenho do
jornal, pelo menos levantou uma dúvida ao dizer que “não se sabe se
algo comprometedor envolvendo a imprensa surgirá desse
lamaçal”.
Testemunha de defesa
Uma das
explicações para essa baixa exposição de jornais e jornalistas a
investigações está no poder de interferência dos grupos midiáticos
na política eleitoral. Exemplo clássico é a frase da viúva do
proprietário das Organizações Globo referindo-se ao governo Collor:
“O Roberto colocou ele na Presidência e depois tirou. Durou pouco.
Ele se enganou”, disse com candura dona Lily no lançamento do seu
livro Roberto & Lily, em 2005. Mas essa não foi uma ação isolada.
Para derrotar Lula em 1989, Globo e Veja faziam dobradinha
perfeita, como agora. Demonizavam Lula e exaltavam o jovem
governador de Alagoas, “caçador de marajás”.
Essa articulação tornou-se hoje mais
orgânica. A presidenta da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que
representa os proprietários de veículos, Judith Brito, assumiu o
papel de oposição ao governo Lula. De modo mais discreto, mas não
menos eficiente, trabalha o Instituto Millenium, que reúne
articulistas, jornalistas e patrões da imprensa. E realiza eventos
em que os convidados aliam-se ao que há de mais conservador na
sociedade para afinar suas linhas de cobertura. Em um deles estavam
Roberto Civita (Abril), Otavio Frias Filho (Folha) e Roberto Irineu
Marinho (Globo).
Aqui, apesar da resistência com forte
apelo corporativo da mídia e de parte dos seus empregados, vozes
importantes lembram que ninguém está imune a convocações feitas
pelo Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. À Record
News, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi
direto ao ponto: “Todos devem ser investigados no setor público,
privado e na imprensa. Sem paixões e sem arroubos. Nós vamos
descobrir muitas coisas quando forem feitas as quebras de sigilo –
o fiscal, por exemplo. Devemos apoiar sempre a liberdade de
expressão. Mas não podemos confundi-la com uma organização
criminosa. Para o bem da sociedade e da própria liberdade de
expressão.”
Leia a matéria completa clicando aqui.
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