A capital do
Senegal, Dakar, na África, sedia de 6 a 11 de fevereiro a edição
centralizada do Fórum Social Mundial. Neste ano, o evento tem como
foco principal a melhoria das condições de vida e trabalho no
continente africano, em meio ao agravamento da crise financeira
internacional e à sucessão de levantes populares por democracia,
como na Tunísia e no Egito.
Entre os objetivos do Fórum, explica João Felício, secretário de
Relações Internacionais da CUT, está o de potencializar as
propostas e a capacidade de mobilização dos movimentos sociais
africanos para que possam construir um espaço de desenvolvimento
acordado de alternativas à globalização neoliberal e definir
estratégias de reconstrução social, econômica e política, incluindo
a redefinição do papel do Estado. “Ao longo dos seus dez anos de
existência o Fórum demonstrou ser um espaço importante e que deve
ser valorizado para construirmos consensos que apontem para ações
unitárias de enfrentamento ao neoliberalismo. Não há no Fórum um
Comitê Central que estabelece a agenda, ela é resultado de uma
consulta ampla entre o conjunto dos movimentos que apontam os
caminhos a seguir. É nisto que reside a sua capacidade e sua
força”, aponta João Felício.
De acordo com o dirigente cutista, a experiência histórica
acumulada no Brasil, de unidade de centrais sindicais e dos
movimentos sociais, embora não seja a única em escala planetária,
“é uma referência para o mundo, assim como nossa experiência de
programas de transferência de renda e os avanços no diálogo social,
como a conquista da política de valorização do salário mínimo,
fundamentais para o desenvolvimento de qualquer
nação”.
Papel
do Estado
A CUT e suas confederações, explicou João Felício, estarão mais uma
vez presentes com uma expressiva delegação em solo africano,
levando às organizações do continente as mais variadas experiências
de articulação e mobilização dos movimentos sindical e social em
defesa do protagonismo do Estado e de políticas públicas que
garantam direitos, gerem emprego e distribuam renda. “Em suma, o
avesso do receituário do neoliberalismo”, frisou.
O fortalecimento da economia solidária, dos trabalhadores migrantes
e da paz, a organização da luta contra as bases militares
estrangeiras, o apoio ao povo palestino no enfrentamento à política
de terrorismo de Estado israelense e a solidariedade ao povo cubano
também são bandeiras que os cutistas erguerão no encontro,
ressaltou. “Diante dos desafios colocados pela conjuntura
internacional e da complexidade do momento, acredito que o Fórum
tem uma responsabilidade histórica inadiável”, declarou.
A Confederação Sindical Internacional (CSI) realizará um evento na
capital senegalesa no dia 9 de fevereiro para dar maior
visibilidade à pauta dos trabalhadores no enfrentamento à crise,
como a reformulação dos organismos internacionais e a ação junto
aos governos locais para que se contraponham ao receituário
neoliberal, de privatização e arrocho salarial.
Histórico
Na semana passada, dia 25, o FSM completou 10 anos. A primeira
edição, em Porto Alegre, reuniu mais de 20 mil pessoas, superando
significativamente a expectativa da organização. Com o crescimento
ano a ano, o evento chegou, em 2005, a mais de 150mil participantes
na última edição centralizada realizada na Capital gaúcha. O FSM
nasceu com a finalidade de protagonizar a discussão de um
novo mundo possível, fazendo um contraponto a
Davos.
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