As
trabalhadoras em transportes gostaram da palestra da Secretária de
Relações de Trabalho da CUT Nacional, Maria das Graças Costa,
professora da Prefeitura Municipal de Quixadá (Ceará), que abriu os
debates do 1º Encontro Nacional da Mulher Trabalhadora em
Transporte da CUT, que aconteceu nos dias 29 e 30 de novembro, no
auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba.
A sindicalista destacou que o movimento sindical não pode
discutir apenas Campanha Salarial e condições de trabalho, mas é
precisa inserir na agenda política questões de gênero. “Estou
extremamente feliz em estar aqui com vocês. Todas sabemos que
a mulher na sociedade é responsável por tudo: criar a família,
filhos e até o marido. Ela faz os fazeres de casa e ainda é
cuidadora. Impossível um ser humano dar conta de tudo”,
explica.
Graças defendeu que homens e mulheres tenham uma
relação compartilhada e saibam dividir as responsabilidades do
lar.
Público X
Privado
A sindicalista citou pesquisas que mostram que a mulher trabalha
mais que o homem. “Ela trabalha 44h no trabalho e 40h em casa, já o
homem trabalha em média quatro horas em casa”. Graças comentou
os dados alarmantes da violência doméstica e disse que as mulheres
não podem se intimidar e devem denunciar seus agressores, cuja
maioria são seus maridos e namorados. “ A cada cinco minutos uma
mulher é espaçada no Brasil. A violência doméstica mata mais que o
câncer e o acidente de trânsito. A CUT está preocupada com este
lado privado, temos que rompê-lo", adverte.
A sindicalista também contou que uma das bandeiras das mulheres é a
igualdade salarial. “Hoje as mulheres ganham 30% menos do que os
homens e isso não é justo, por que as mulheres têm a mesma
capacidade”, argumentou.
Os combates à violência doméstica e aos assédios sexual e moral nas
empresas foram outros temas abordados pela sindicalista.
O Secretário Geral da CNTT/CUT, Wagner Menezes, Marrom, comentou
que as trabalhadoras no setor aéreo, aeronautas, aeroportuárias e
aeroviárias, têm sofrido bastante com os assédios moral e sexual e
os sindicatos cutistas têm realizado protestos, denunciando estas
atitudes covardes e criminosas.
No destaque, o assessor da CNTT, Carlos
Silvestre - foto: João Batista
Batistella
Política
Graças destacou que as mulheres estão avançando em vários setores,
principalmente, na formação escolar. “Hoje, temos mais
mulheres com nível superior do que os homens, e isso é um
avanço”.
A sindicalista disse que as mulheres precisam ocupar mais espaços
na política. “No Congresso Nacional é difícil aprovar um tema de
interesse dos trabalhadores, porque a maioria são empresários do
agronegócio, ligados a usineiros e banqueiros. Apenas
30% da bancada de parlamentares estão conosco. Se cada um de nós
ajudarmos a eleger um deputado (a), senador (a) do ramo do
transporte, com certeza, teremos uma ampla representação. Também é
fundamental uma reforma política.Temos que pensar nisso”,
finalizou.
Lei Maria da
Penha
Durante o debate, o assessor político da CNTT/CUT, Carlos
silvestre, falou sobre o avanço da Lei Maria da Penha, que
completou sete anos no País, e já colocou na cadeia 300 mil
agressores.
Em sua exposição, Carlos falou da cultura de opressão, dominação e
discriminação que atinge não apenas o Brasil, mas também outros
países do mundo. Ele citou, por exemplo, o Japão. “É um dos países
mais industrializados do mundo, mas está atrasado em matéria
de igualdade de gênero. Há uma discriminação generalizada que se
tornou mais sutil nos últimos anos”, explicou.
Carlos disse que a violência doméstica não atinge somente as
trabalhadoras em transportes, mas todas as mulheres, por isso, é
importante denunciar. “Para alcançarmos uma sociedade justa,
fraterna e sem opressão temos que nos unir, companheiras, para
juntas combatermos a discriminação. Somos diferentes sim, mas
queremos condições iguais”, terminou o discurso bastante aplaudido
pelas trabalhadoras.
Troca de
experiências
Após a palestra da dirigente cutista, Silvestre e a assessora de
Comunicação do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba, Fabiana
Caramez, que coordenaram a mesa, abriram para perguntas do público.
Embora tímidas, as trabalhadoras em transportes se encorajaram e
pegaram o microfone e, ao invés, de perguntas elas trocaram
experiências.
Esse foi o caso da agente de bordo de Sorocaba, Luciana Sanches
Souza, (foto
abaixo) que sofreu uma tentativa de estupro dentro da
empresa. “Isso aconteceu em fevereiro deste ano, mas eu não fiquei
quieta. Se eu não tivesse ido ao Sindicato, ninguém teria feito
nada por mim”, concluiu.
Acima a agente de bordo, Luciana Sanches
Souza - foto: João
Batista Batistella
Veja mais fotos do evento no nosso Flickr.
Viviane
Barbosa, editora do Portal da CNTT/CUT
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Matéria atualizada às 9h47 do dia 2 de dezembro 2013
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