Graziella: "O momento é propício para formação de novos quadros que garantam os direitos que lutamos há décadas para conquistar"

Ex-presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, hoje ela é porta voz da FENTAC sobre o Fundo de Pensão Aerus

Por: Vanessa Barboza e Viviane Barbosa, Redação CNTTL
Publicação: 03/04/2017

Graziella Baggio (Foto: divulgação)

A série "Mulheres no Transporte: O que conquistamos e o que podemos avançar”, do Portal CNTTL, continua esta semana com ricos depoimentos de mulheres sindicalistas do ramo dos transportes.

A nossa entrevistada de hoje é a comissária de voo aposentada da extinta Viação Aérea São Paulo (VASP), Graziella Baggio.

Com 30 anos de atuação movimento sindical, ela foi diretora e presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, no período de 1999 a 2013, e atualmente é porta-voz da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT (FENTAC) na luta dos credores (aposentados, pensionistas e participantes) do Aerus (Fundo de pensão dos ex-trabalhadores das empresas Varig, Transbrasil, entre outras).

A sindicalista chama atenção que o momento político do país é propício para formação de novos quadros no movimento sindical para garantir as conquistas das últimas décadas e não permitir retrocessos. Confira a seguir:

Portal CNTTL/CUT: Quem são as mulheres aeronautas?

Graziella Baggio: As aeronautas trabalham nas aeronaves e atuam como comandante, copiloto e comissárias de voo, que hoje são a maioria no setor.

Portal CNTTL/CUT: Quais são as principais funções?

Graziella: O comandante é a autoridade máxima a bordo, responsável pela pilotagem do avião, o copiloto é o substituto e o auxiliar do comandante e os comissários de voo são preparados para qualquer emergência em voo ou em solo, no mar e na floresta. A função principal do comissário é garantir a segurança de voo, depois vem o serviço de bordo e atendimento à cabine de comando .

Portal CNTTL/CUT: Quais são as principais lutas da categoria?

Graziella: A greve de 1985 dos aeronautas garantiu as acomodações individuais para a categoria. Já a greve dos comissários da Vasp em 1986, que teve duração de 19 dias, garantiu para toda a categoria o dissídio daquele ano, o pagamento de horas noturnas em dobro e o sábado e domingo noturna em triplo . Hoje a categoria de aeronautas luta por uma regulamentação profissional mais humana e por mais folgas mensais.

Portal CNTTL/CUT: O que você destaca como direito conquistado pelas mulheres na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria?

Graziella: Para as comissárias tivemos várias conquistas nestas últimas décadas que são: quarto individual nos pernoites, conquistado após a greve de 1985/86, e que até hoje as empresas ameaçam retirar este direito, uma luta eterna. Redução de jornada para as aeronautas que retornam da gravidez, garantia de pelo menos um sábado e domingo de folga ao mês, afastamento da atividade tão logo confirmada a gravidez, creche para filhos de até 6 anos, pagamentos de horas de voo cancelados, folga no aniversário do aeronauta, dia disponível para exames de saúde, passe-livre e estabilidade quando retorna de licença-médica.

CNTTL/CUT: Em sua opinião, o que precisa avançar nos direitos das mulheres aeronautas?

Graziella: Acredito que precisamos avançar muito ainda, principalmente, em dar condições de as mulheres poderem participar mais dos movimentos sindical, sociais e na política. A profissão de aeronauta é de uma formação rígida, com traços de formação militar, portanto, é necessário ainda superar preconceitos, discriminação e assédios. Já avançamos muito, mas ainda é um grande desafio.

Portal da CNTTL/CUT: Qual é a sua mensagem para as mulheres nesse ano de ataques aos direitos da classe trabalhadora?

Graziella: O momento é muito propício para formação de novos quadros para atuação no movimento sindical , político ,social, assim como lutar para garantirmos as conquistas das últimas décadas e não permitir que as reformas que estão sendo tratadas sejam implementadas. As mulheres precisam se organizar melhor e fazer valer seus direitos .

Secretário Nacional de Comunicação da CNTTL: José Carlos da Fonseca - Gibran

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